UEG/ESNM Diretrizes de distúrbios intestinais funcionais com diarreia
Nova diretriz da Sociedade Europeia de Gastroenterologia traz recomendações e orientações sobre os principais distúrbios funcionais do trato gastrointestinal (TGI) caracterizados por diarreia, sendo a síndrome do intestino irritável (SII) e a diarreia funcional (DF) as mais predominantes. Um consenso Delphi foi realizado com especialistas de 10 países europeus que realizaram um resumo da literatura e processo de votação em 31 declarações.
Um dos critérios que devem ser levados em consideração na hora de diferenciar esses dois distúrbios é a presença e frequência de dor abdominal, conforme o critério de Roma IV. Assim, a dor abdominal deve estar presente, em média, 1 dia por semana nos últimos 3 meses para o diagnóstico de SII.
Em termos de diagnóstico, o consenso apoia uma abordagem baseada em sintomas, com a exclusão de sintomas de alarme, recomendando a avaliação do hemograma completo, proteína C reativa, sorologia para doença celíaca e calprotectina fecal, e consideração do diagnóstico de diarreia por ácidos biliares.
Como uma das formas de tratamento, os especialistas destacam que realizar uma dieta de exclusão de monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e poliois fermentáveis (FODMAPS) por um curto período de tempo (4-6 semanas), pode melhorar os sintomas globais, como dor abdominal, diarreia, inchaço e flatulências, quando comparadas com outras intervenções dietéticas. A reintrodução dos alimentos excluídos deve ser realizada de forma gradual, a fim de identificar quais são os principais grupos alimentares associados ao desconforto intestinal do paciente.
Em adição a isto, os autores reforçam que o efeito da restrição de glúten na SII ainda não é claro. Estudos adicionais sugeriram que qualquer benefício de uma dieta sem glúten na SII pode não estar relacionado ao glúten em si, mas sim à diminuição dos FODMAPs relacionados ao trigo, particularmente o frutano.
O uso de probióticos pode melhorar os sintomas globais em pacientes com SII, mas ainda não há evidências para DF. No entanto, diferentes cepas, formulações ou misturas de probióticos foram avaliadas, os desenhos dos ensaios variam com diferentes comparadores, critérios de inclusão, comorbidades (por exemplo, ansiedade e depressão), desfechos, e houve heterogeneidade entre os estudos.
A diretriz ainda discute o manejo medicamentoso para tratamento da SII e DF, bem como a utilização do transplante fecal de microbiota.
Confira o guideline completo, clicando aqui.