Fatores de risco para manifestação persistente da proctocolite alérgica induzida por proteínas alimentares

Fatores de risco para manifestação persistente da proctocolite alérgica induzida por proteínas alimentares

Sistema imunológico imaturo, permeabilidade intestinal alterada e suscetibilidade genética são os fatores de risco sugeridos para proctocolite alérgica induzida por proteína alimentar (FPIAP).

Esta reação alérgica intestinal tem um prognóstico favorável e geralmente apresenta remissão em 12 meses, mas pode persistir por mais tempo em alguns pacientes. Até o momento, não há nenhum teste de diagnóstico validado disponível para FPIAP, mas um estudo recente investigou possíveis fatores de risco para identificar bebês mais propensos a apresentar manifestação persistente da doença.

O estudo incluiu 257 lactentes com diagnóstico clínico de FPIAP, dado pela presença de sangramento retal mesmo após a exclusão de possíveis alimentos alergênicos (leite de vaca, ovo, trigo, nozes, peixes, soja). No momento do diagnóstico, 97,2% estavam em aleitamento materno e 66,5% em aleitamento materno exclusivo, e a duração total da amamentação foi de 13 (6,5–18) meses.

Neste estudo, o leite de vaca foi apontado como gatilho mais comum para FPIAP (99,2%).  Alergias a vários alimentos foram identificadas em 24% dos pacientes, e a associação de alergias mais comum foi a de leite de vaca e ovo. Lactentes com múltiplas alergias alimentares apresentaram uso mais frequente de antibióticos (41,9% vs 11,8%), dermatite atópica (21% vs 10,2%), chiado (11,3% vs 1,5%), cólicas (33,8% vs 11,2%), e sensibilização por IgE (50% vs 13,5%).

Na análise de regressão logística multivariada, a presença de cólica (OR: 5,128, intervalo de confiança de 95% CI: 1,926–13,655, P=0,001), sensibilização de IgE (OR: 3,964, 95% CI: 1,424–11,034, P=0,008) e alergia a vários alimentos (OR: 3,679, IC 95%: 1,278–10,593, P=0,001] foram considerados fatores de risco para a manifestação persistente da FPIAP após um ano de idade.

Os autores concluíram que embora a maioria dos bebês atinja a tolerância por volta de 1 ano de idade, os pacientes com cólica, sensibilização por IgE e múltiplas alergias alimentares requerem mais atenção, pois podem precisar de acompanhamento mais longo devido risco de tolerância tardia.

Referência

Buyuktiryaki B, Kulhas Celik I, Erdem SB, et al. Risk Factors Influencing Tolerance and Clinical Features of Food Protein-induced Allergic Proctocolitis. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2020 May;70(5):574-579. doi: 10.1097/MPG.0000000000002629. PMID: 32044836.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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