A Sociedade Britânica de Gastroenterologia (BSG) e a Sociedade Britânica de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (BSPGHAN) reuniram diretrizes de consenso sobre o diagnóstico e tratamento da esofagite eosinofílica em crianças e adultos.
A esofagite eosinofílica é uma condição inflamatória crônica do esôfago que está sendo cada vez mais diagnosticada em adultos e crianças que apresentam disfagia ou obstrução do bolo alimentar. Esta condição é uma das doenças esofágicas mais prevalentes, com impacto significativo na saúde física e na qualidade de vida.
Dietas de eliminação são parte do tratamento e podem ser consideradas eficazes na remissão clínico-histológica em adultos e crianças com esofagite eosinofílica. A dieta de eliminação de seis alimentos foi associada a remissão clínica e histológica em mais de 70%, e consiste na prevenção empírica de seis alérgenos alimentares comuns: leite de vaca, trigo, ovo, soja, amendoim/nozes, peixe e marisco. Estratégias mais simples, como dieta de eliminação de quatro alimentos e dieta de eliminação de dois alimentos também se mostraram eficazes em 40-50% dos pacientes. As combinações de dois alimentos mais bem-sucedidas para manejo da esofagite eosinofílica foram atribuídas a leite e trigo ou leite e ovo.
A dieta de eliminação de seis alimentos apresenta taxas de remissão histológica mais altas do que dietas de eliminação de quatro ou dois alimentos, mas está associada a menor adesão. Dietas de eliminação precisam de acompanhamento nutricional adequado, pois apresentam riscos de adequação nutricional, dificuldades de alimentação em crianças pequenas, atraso de crescimento em crianças e perda de peso em adultos.
Produtos lácteos são uma boa fonte de cálcio e também fornecem proteínas, fósforo, vitamina B12 e vitamina D. O trigo fornece ferro, fibras e vitaminas do complexo B. Portanto, a eliminação desses alimentos tem potencial para deficiências nutricionais e é provável que esse risco seja maior quando outras restrições alimentares estão em vigor, como alergias alimentares ou escolhas de estilo de vida (por exemplo, dietas veganas).
O impacto psicológico da terapia dietética é significativo e deve ser entendido e discutido com os pacientes e seus cuidadores. A exclusão social é comum nesse cenário, devido tanto às dificuldades físicas de comer em público quanto à restrição do conteúdo alimentar em uma dieta de exclusão. Isso pode ser agravado por morbidades psiquiátricas e o uso de medicamentos psiquiátricos, que são mais comuns em pacientes com esofagite eosinofílica, particularmente mulheres mais velhas. Escores de qualidade de vida foram piores para as crianças tratadas com restrições alimentares do que para aquelas sem restrições (auto-relato do paciente: 61,6 vs 74,3 (p<0,01); relato dos pais: 65,5 vs 74,7 (p<0,01]), o que confirma a carga psicológica que as dietas de exclusão podem ter em alguns pacientes.
Nesse sentido, nutricionistas desempenham um papel fundamental na gestão da avaliação das dificuldades alimentares e a consulta dietética para esofagite eosinofílica envolve não apenas educação sobre a eliminação precisa de alimentos, mas também conselhos sobre substituição de grupos de alimentos e adequação da dieta.
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