Lactobacillus rhamnosus GG em bebês com alergia à proteína do leite de vaca

Lactobacillus rhamnosus GG em bebês com alergia à proteína do leite de vaca

Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é a alergia mais frequente durante a primeira infância. Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) tem sido reconhecido com um probiótico com potencial para melhorar reações imunológicas, prevenir e tratar a inflamação alérgica.

Recentemente, estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, multicêntrico foi realizado em lactentes com idade entre 0 e 12 meses com diagnóstico de APLV. Os participantes selecionados foram divididos em dois grupos, sendo o grupo intervenção que utilizou o probiótico Lactobacillus rhamnosus GG (LGG), na dose 109 UFC por dia, por via oral durante 4 semanas, e o outro grupo recebeu placebo. Em ambos grupos, lactentes que recebiam leite materno exclusivo, foi orientado a exclusão total de proteína do leite de vaca na dieta materna; já os bebês que se alimentavam de fórmula, receberam a composição hidrolisada.

No total, 119  lactentes receberam o diagnóstico de APLV, 106 foram incluídos no estudo, porém somente 100 concluíram o protocolo, compondo 48 bebês no grupo placebo e 52 do grupo probiótico.

No início do estudo não havia diferenças entre os grupos em relação a sintomas gastrintestinais, idade ou medidas específicas de IgE. Cerca de 70% do grupo placebo e 60% do grupo probióticos eram do sexo feminino.  No início do estudo, o sintoma mais frequente foi a presença de fezes mucosas com 90% e 89,7% no grupo probiótico e placebo, respectivamente.

No grupo probiótico, após 4 semanas de suplementação foi observado melhora nas fezes mucosas, fezes com sangue, diarreia, vômitos, distensão abdominal e inquietação (p < 0,05). Por outro lado, não foi identificado melhora significativa na dor abdominal, constipação e dermatites. No grupo placebo, foi observado melhora significativa da dor abdominal, fezes com sangue e inquietação (p < 0,05).

A recuperação completa foi alcançada em 62% dos pacientes no grupo probiótico e em 37% no grupo placebo. Embora essa diferença não tenha sido estatisticamente significativa, a taxa de recuperação completa foi maior no grupo probiótico que no placebo. Maior taxa de recuperação ocorreu no grupo probiótico na primeira (42%) e na segunda (28%) semana de tratamento, enquanto a recuperação deste mesmo período no grupo placebo foi de 12% e 23%, respectivamente, embora não tenha sido estatisticamente significativo.

Embora este estudo apresente várias limitações, como por exemplo o pequeno número de lactentes avaliados, a heterogeneidade dos grupos  e da própria alimentação dos participantes, os autores concluíram que houve melhora dos sintomas dos bebês com APLV demonstrados após o uso de 4 semanas da dieta materna exclusa de leite de vaca associada ao probiótico LGG. Mais pesquisas devem ser feitas sobre a eficácia e duração do recebimento da dieta com Lactobacillus rhamnosus GG nesta população.

Referência: Basturk A, Isik İ, Atalay A, Yılmaz A. Investigation of the Efficacy of Lactobacillus rhamnosus GG in Infants With Cow’s Milk Protein Allergy: a Randomised Double-Blind Placebo-Controlled Trial. Probiotics Antimicrob Proteins. 2020;12(1):138-143.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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