Ácido pentadecanóico: efeitos sobre a longevidade

Ácido pentadecanóico: efeitos sobre a longevidade

ácido pentadecanóico
Fonte: Canva.com

Chegar à terceira idade com saúde e vitalidade é um objetivo em comum de muitas pessoas. Nesse sentido, a ciência nutricional está sempre evoluindo para desvendar a chave da longevidade, investigando alimentos, nutrientes ou compostos que nos façam viver mais e melhor. Agora, foi a vez do ácido pentadecanóico, um ácido graxo essencial que tem dado o que falar. 

Mas afinal…

O que é o ácido pentadecanóico?

O ácido pentadecanóico (C15:0) é um ácido graxo saturado essencial de cadeia ímpar, com evidências crescentes no apoio da saúde cardiometabólica, imunológica e hepática.

As principais fontes alimentares do C15:0 são os laticínios, visto que ele está presente em 1 a 3% da gordura láctea. Estudos epidemiológicos indicam a ingestão de 100 a 300 mg de C15:0 por dia, de modo a manter concentrações ativas de 10 a 30 µM.

O principal mecanismo de ação do ácido pentadecanóico é a ativação da AMPK e inibição da mTOR, proteínas com papéis cruciais na regulação do metabolismo e no controle do crescimento celular. 

Estes e outros processos geram propriedades anti-inflamatórias, antifibróticas, anticancerígenas,  antimicrobianas e pró-longevidade, exibidas pelo C15:0.

Nova pesquisa avalia o potencial do C15:0

Para avaliar o potencial do ácido pentadecanóico na longevidade, um novo estudo utilizou ensaios de fenotipagem molecular, o sistema BioMAP Diversity PLUS. Resumidamente, o sistema consiste em 148 ensaios em 12 sistemas primários, baseados em células humanas, que imitam vários estados de doença.

Nesse sentido, os autores promoveram a exposição das células a compostos e concentrações diferentes, sendo estes:

  1. Ácido pentadecanóico, com concentrações de 1.9, 5.6, 17 e 50 µM; 
  2. Rapamicina, com concentrações de 0.3, 1, 3 e 9 µM; 
  3. Metformina, com concentrações de 190, 560, 1700 e 5000 µM; 
  4. Acarbose, com concentrações de 1.1, 3.3, 10 e 30 µM. 

O principal objetivo foi comparar estes compostos em relação à promoção de atividades celulares associadas à longevidade. Além disso, os pesquisadores buscaram descobrir qual a dose ideal de cada uma destas substâncias, na qual elas demonstraram a maior parte das atividades.

Dose ideal para promover a longevidade

Em primeiro lugar, a dose ideal de cada composto foi de 17 µM para o ácido pentadecanóico, 9 µM para rapamicina, 5000 µM para metformina e 30 µM para acarbose.

Inúmeras atividades clinicamente relevantes foram compartilhadas entre os compostos, principalmente ácido pentadecanóico e rapamicina. Nas doses ideais, estas substâncias tiveram 24 atividades celulares significativas compartilhadas em 10 dos 12 sistemas celulares, incluindo atividades antiinflamatórias, antifibróticas e anticancerígenas

Como ambos os compostos inibem o mTOR, tal resultado não é de se surpreender. Ainda assim, trata-se de uma descoberta notável, já que a rapamicina é um composto líder na longevidade, mas raro, descoberto em bactérias que crescem na Ilha de Páscoa. Enquanto isso, o ácido pentadecanóico pode ser facilmente obtido na gordura do leite.

Em seguida, o C15:0 também compartilhou 11 atividades com a metformina, em 5 sistemas celulares, que se ligam principalmente à inflamação crônica, doenças cardiovasculares e autoimunes. 

Por fim, houve apenas uma atividade em comum entre C15:0 e acarbose: a redução da proliferação de células fibróticas, relevante para fibrose e inflamação crônica.

O que dizem outros estudos?

Esta não foi a única pesquisa que demonstrou os benefícios do ácido pentadecanóico na saúde humana. Desde 2020, com o enquadramento do C15:0 como um AG essencial, inúmeros artigos sugerem efeitos promissores em características, biomarcadores, índices clínicos e doenças relacionadas ao envelhecimento.

Por exemplo, o C15:0 mais elevado já se associou a riscos mais baixos de anemia, doença pulmonar obstrutiva crónica, Alzheimer, insuficiência cardíaca, doença coronariana e depressão

Ademais, este composto tem um forte efeito antiproliferativo em vários tipos de células cancerosas, incluindo câncer de mama, de pulmão, de pâncreas e de fígado.

Conclusão

Em suma, o ácido pentadecanóico possui fortes evidências científicas quanto ao seu papel no apoio do envelhecimento saudável. Segundo os autores, suas atividades são tão boas quanto (ou até melhores) do que os principais medicamentos para aumentar a longevidade. Futuramente, novos estudos devem consolidar seu papel terapêutico.

Para ler o artigo científico completo, clique aqui

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Referência:

Venn-Watson S, Schork NJ. Pentadecanoic Acid (C15:0), an Essential Fatty Acid, Shares Clinically Relevant Cell-Based Activities with Leading Longevity-Enhancing Compounds. Nutrients. 2023; 15(21):4607. https://doi.org/10.3390/nu15214607

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