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Distúrbios no metabolismo proteico podem acarretar em prejuízos do estado nutricional de pacientes com Doença Renal Avançada (DRA).
Sendo a insulina um hormônio anabólico com importante papel no metabolismo proteico, Deger e sua equipe investigaram a ação da insulina no turnover proteico de pacientes em tratamento de hemodiálise de manutenção (HDM), em comparação à indivíduos sem doença renal. Confira detalhes desta pesquisa a seguir.
33 pacientes com doença renal avançada foram recrutados
Para avaliar a ação da insulina, os autores utilizaram a técnica de clamp de glicose, que investiga a resistência à insulina através da infusão periférica de glicose em diferentes concentrações. Nesse estudo, foram instituídos dois protocolos de clamp de glicose:
- Clamp hiperglicêmico (CH): infusão de insulina e dextrose;
- Clamp duplo euglicêmico e normoproteico (CEN): infusão de insulina, dextrose e uma mistura de aminoácidos.
Antes e após os testes de clamp de glicose, os participantes passaram por biópsias musculares.
Ao todo, os pesquisadores recrutaram 50 pacientes, sendo 33 participantes com DRA que realizavam hemodiálise de manutenção (HDM) três vezes por semana, e 17 indivíduos controles. Ambos grupos eram semelhantes na idade, gênero e etnia.
Amostras de sangue e da respiração foram coletadas nos tempos zero (antes da intervenção), após 120 minutos (T120) e após 150 minutos (T150) para avaliar síntese proteica. Para avaliação de composição corporal foi realizado exame de DEXA.
Maior síntese proteica em pacientes não renais
No início do estudo (tempo 0), a síntese de proteína muscular e a taxa de degradação proteica foram semelhantes em pacientes em HDM.
Durante o clamp hiperglicêmico (CH), os controles apresentaram maior síntese de proteína muscular e menor degradação proteica em comparação com pacientes em HDM, resultando no balanço proteico significativamente mais positivo (2,0 vs 1,68mg/kg de massa magra/min para controles que para pacientes em HDM, respectivamente, p <0,001).
Em seguida, durante o clamp duplo (CEN), a síntese proteica muscular aumentou mais significativamente no grupo controle em comparação com pacientes renais em HDM (p=0,03), enquanto que a degradação proteica diminuiu em ambos os grupos. O balanço proteico foi significativamente mais positivo no grupo controle (67,3 vs 15,4 μg/100 ml/min, respectivamente, p = 0,03).
No grupo controle, mas não em pacientes em HDM, a biópsia muscular mostrou correlação positiva entre as taxas de eliminação de glicose, leucina, marcadores mitocondriais musculares e da relação P-AKT para AKT, proteínas envolvidas no metabolismo proteico.
Conclusão
Com esses achados, os autores concluíram que pacientes com doença renal avançada em HDM possuem anormalidades no metabolismo da insulina.
A ausência de resposta celular apropriada a utilização de nutrientes em pacientes em HDM pode ser uma das explicações no insucesso de intervenções nutricionais neste grupo.
Como consequência, a resposta diminuída às ações anabolizantes da insulina pode levar a perda progressiva de massa muscular e aumentar risco de sarcopenia em pacientes em HDM.
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