Dieta mediterrânea e mudança de hábitos na doença renal

Dieta mediterrânea e mudança de hábitos na doença renal

A doença renal crônica (DRC) representa um comprometimento importante para o estado de saúde e é associada ao aumento do risco de morbidade cardiovascular, morte prematura e diminuição da qualidade de vida. O aumento das taxas de obesidade e envelhecimento da população são intimamente associados ao aumento da incidência de DRC. Mudanças no estilo de vida e dieta podem desempenhar um papel importante na prevenção e progressão dessa doença.

Um estudo randomizado, controlado, recentemente publicado no Jornal Americano de Nefrologia, avaliou a eficácia de uma intervenção de perda de peso a partir da dieta mediterrânea durante um ano. A análise foi realizada com 6.719 pacientes de ambos os sexos, com idades entre 55 e 75 anos, selecionados de um estudo multicêntrico, com 6 anos de andamento, realizado na Espanha (PREDIMED-Plus).

Pacientes foram aleatoriamente designados (1:1) para intervenção intensiva de estilo de vida para perda de peso com dieta, promoção de atividade física e suporte comportamental (intervenção) ou aconselhamento de cuidados habituais para aderir a dieta sem restrição de energia (controle). No momento da seleção, os pacientes deveriam ser livres de doenças cardiovasculares, ter IMC entre 27 a 40 kg/m2 e serem portadores da síndrome metabólica (SM). Todos os participantes receberam azeite extra virgem (1L/mês) e nozes (125 g/mês) para reforçar a adesão à dieta. Nenhum conselho específico para aumentar a atividade física ou para perda de peso foi fornecido.

Todos os participantes foram avaliados na linha de base e durante o acompanhamento com informações clínicas, dados demográficos, bioquímicos, antropométricos e preenchimento de questionário para avaliar a adesão à orientação. A função renal foi avaliada dentro de um ano, considerando alterações dos níveis séricos de albumina na urina, além de incidência de taxa de filtração glomerular (TFG) moderada/severamente prejudicada (<60mL/min/1,73 m2), micro e macroalbuminúria e reversão de moderadamente (45 a <60mL/min/1,73 m2) à TFG levemente prejudicada (60 a <90 mL/min/1,73m2) e micro e macroalbuminúria.

Após um ano de acompanhamento, o grupo de intervenção obteve maiores reduções nos parâmetros de adiposidade em comparação com o grupo controle e maior perda de peso da linha de base: redução de -3,7 kg (IC 95%: -3,8 a -3,5) no grupo de intervenção e -0,7 kg (IC 95%: -0,9 a -0,6) no grupo controle (comparação entre grupos, p <0,0001).

Mudanças benéficas na dieta, comportamentos sedentários e atividade física foram significativamente maiores no grupo intervenção em comparação com o grupo controle (comparação entre grupos, p < 0,0001). A taxa de filtração glomerular diminuiu 0,66 e 1,25 mL/min/1,73 m2 no grupo intervenção e no grupo controle, respectivamente (diferença média, 0,58 mL/min/1,73 m2; 95% CI: 0,15-1,02).

Os autores concluíram que uma abordagem intervencionista com alterações no estilo de vida e dieta mediterrânea podem preservar a função renal e retardar a progressão da DRC em pacientes com sobrepeso ou adultos com obesidade.

Referência:

Díaz-López A, Becerra-Tomás N, Ruiz V, et al. Effect of an Intensive Weight-Loss Lifestyle Intervention on Kidney Function: A Randomized Controlled TrialAm J Nephrol. 2021;52(1):45-58. doi:10.1159/000513664

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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