Dieta nórdica beneficia tratamento da doença renal crônica (DRC)

Dieta nórdica beneficia tratamento da doença renal crônica (DRC)

dieta nórdica
Fonte: Canva.com

Pacientes com doença renal crônica (DRC) precisam tomar uma série de cuidados com a alimentação. Diversos padrões nutricionais são propostos no tratamento da DRC, com graus variáveis de eficácia. Recentemente, um artigo científico mostrou benefícios notáveis para a DRC com a adesão da nova dieta nórdica renal. Mas afinal…

O que é a dieta nórdica renal?

A dieta nórdica renal (DNR) é um padrão alimentar desenvolvido por pesquisadores escandinavos, com foco no tratamento da doença renal crônica. Nesse sentido, a dieta visa reduzir a quantidade de fósforo, proteína e sódio da alimentação, de acordo com as recomendações internacionais para pacientes renais. 

A DNR é 80% baseada em plantas, rica em frutas e vegetais, mas com uma pequena parcela de frango, peru e peixes. Além disso, prioriza alimentos orgânicos e sem aditivos alimentares. 

No quadro abaixo, estão descritos os principais nutrientes e alimentos que compõem a DNR.

Nutrientes Grupos alimentares
  • Energia: 30 a 35 kcal/kg/d
  • Proteína: 0,8 g/kg/d
  • Gordura total: <35%
  • Carboidratos totais: 54%
  • Açúcar adicionado: <10%
  • Fibra: 20 a 30 g/d
  • Sal de cozinha: <5 g/d
  • Fósforo: 850 mg/d
  • Potássio: 3000 mg/d
  • Cálcio: 800 a 1000 mg/d
  • Magnésio: 300–370 mg/d
  • 80% de origem vegetal, 20% de origem animal
  • Frutas: 300 g/d
  • Nozes: 20 g/d
  • Peixes >2 porções/semana
  • Aves >2 porções/semana
  • Carne vermelha: 0 g
  • Dias vegetarianos completos: mínimo 1
  • Gema de ovo: ≤2 porções/semana
  • Orgânicos: pelo menos 95% da alimentação
  • Sem aditivos alimentares
  • Alimentos sazonais
  • Pratos facilmente gerenciáveis
  • Realce de sabor com ervas e especiarias

Nova pesquisa avaliou efeitos da dieta nórdica renal

Em um novo estudo randomizado, o objetivo foi explorar os efeitos DNR nos parâmetros da homeostase do fósforo e outros marcadores do metabolismo, nos estágios 3 e 4 da doença renal crônica. 

Para isso, os autores dividiram 60 participantes adultos em dois grupos:

  1. Grupo intervenção: contaram com formação detalhada sobre a adesão à dieta nórdica renal, além de entrega semanal de alimentos frescos e receitas, durante 26 semanas;
  2. Grupo controle: não passaram por nenhuma mudança no consumo alimentar habitual.

No grupo intervenção, a adesão à dieta nórdica foi medida por um registro alimentar de 48 horas, entregues em cada consulta de acompanhamento. 

Além disso, a pesquisa incluiu a coleta de sangue em jejum, urina de 24 horas, medidas de pressão arterial, quadril e cintura, eletrocardiografia e avaliação da composição corporal por DXA. 

Impactos positivos

De modo geral, os participantes que seguiram a dieta nórdica renal apresentaram melhorias significativas em comparação ao grupo controle.

Em primeiro lugar, o grupo DNR reduziu em 19% a excreção de fósforo na urina de 24h, com uma diferença de 171 mg entre os grupos. A excreção fracionada em fósforo também reduziu em 3,5%. 

Dentre outros parâmetros diminuídos com a adesão à dieta nórdica, a proteinúria (-39%), a excreção de sódio (-54 mmol ou 33%) e a ureia plasmática (-1,5 mmol/L) também merecem destaque. Ademais, houve melhoras no equilíbrio ácido-base.

Em relação aos parâmetros cardiovasculares, a pressão arterial sistólica caiu em -5,2 mmHg, com redução da medicação hipertensiva em 7 participantes do grupo intervenção. Para explicar este resultado, os autores sugeriram o baixo teor de sódio e maior teor de potássio, magnésio e cálcio na DNR, resultando em queda da pressão. 

Por fim, notou-se também uma melhora da composição corporal naqueles que seguiram a dieta nórdica, incluindo perda de peso (-2,3 kg), redução do IMC (-0,6 kg/m²), perda de massa gorda (-1,2 kg), e menor circunferência de cintura (-1,3 cm). 

De fato, segundo os registros alimentares, o grupo intervenção relatou uma menor ingestão calórica do que o grupo controle, com uma diferença de aproximadamente 190 kcal. Além disso, o grupo controle teve uma alta ingestão de produtos animais, fast-food, refrigerantes, fósforo e aditivos, e menor consumo de vegetais. 

Conclusão

Em resumo, a dieta nórdica renal mostrou efeitos benéficos na homeostase do fósforo, na proteinúria, na carga ácida, na pressão arterial sistólica e na composição corporal. 

Tais resultados indicam um potencial promissor deste padrão alimentar. Segundo os cientistas, são necessários estudos futuros e de longo prazo, sem fornecimento de alimentos, para documentar a aplicabilidade e os desfechos clínicos.

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Referência:

Poulsen, S. K., Due, A., Jordy, A. B., Kiens, B., Stark, K. D., Stender, S., … & Larsen, T. M. (2014). Health effect of the New Nordic Diet in adults with increased waist circumference: a 6-mo randomized controlled trial. The American journal of clinical nutrition, 99(1), 35-45.

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