Diretriz latino-americana de vitamina D para saúde óssea

Diretriz latino-americana de vitamina D para saúde óssea

vitamina D para saúde óssea
Fonte: Canva

Não é novidade que a vitamina D exerce um papel fundamental para a saúde óssea. Entretanto, estudos revelam um desafio para atingir bons níveis de vitamina D apenas com fontes naturais, a partir da dieta e da exposição solar. 

Somado a isso, as recomendações de níveis ideais, doses para suplementação e tratamento da deficiência de vitamina D são difusas, e podem variar de acordo com a localização geográfica. No contexto da América Latina, não existem recomendações específicas – pelo menos, até agora. 

Pensando em preencher esta lacuna, a Federação Latino-Americana de Endocrinologia (FELAEN) desenvolveu novas Diretrizes de Prática Clínica para orientar o uso da vitamina D na saúde óssea, adaptadas às necessidades da população latina.

A seguir, confira as principais recomendações deste novo material.

Rastreio de vitamina D para saúde óssea

Segundo a FELAN, a evidência atual é insuficiente para avaliar o equilíbrio de benefícios e danos da triagem universal para deficiência de vitamina D em adultos assintomáticos. 

Por outro lado, uma avaliação bioquímica completa deve ser performada em pacientes com riscos de fraturas osteoporóticas, independentemente de um diagnóstico de osteoporose

Em outras palavras, quaisquer pacientes com condições associadas à osteoporose devem ser rastreados. Isso inclui:

  • Hiperparatireoidismo
  • Hipertireoidismo
  • Deficiência de cálcio
  • Artrite reumatoide 
  • Doença de Cushing
  • Indivíduos em tratamento com glicocorticoides ou inibidores de aromatase 
  • Usuários de tabaco

Qual o status ideal de vitamina D para saúde óssea?

Recomenda-se a manutenção de um nível mínimo de 25(OH)D de 20 ng/ml, seja na população em geral, seja em populações com risco de fraturas. 

De acordo com a revisão científica dos pesquisadores, níveis acima de 16 ng/ml parecem atender cerca de metade da população, enquanto 20 ng/ml atendem aproximadamente 98% da população, estando associada à manutenção da massa óssea femoral. Enquanto isso, valores a partir de 30 ng/ml associam-se a um baixo risco de fratura de quadril.

Os autores citam as Diretrizes da Sociedade Brasileira, que estabelece:

  • Níveis ideais de 20 a 60 ng/ml para a população geral abaixo de 65 anos;
  • Níveis ideais de 30 a 60 ng/ml para idosos, grávidas, pacientes com histórico de quedas, pacientes de cirurgia bariátrica, pacientes em uso de medicamentos que interferem no metabolismo da vitamina D, pacientes com osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, osteomalácia, diabetes mellitus tipo 1, câncer, doença renal crônica ou doenças de má absorção;
  • Avaliar níveis acima de 100 ng/ml, quanto ao risco de toxicidade.

Entretanto, a FELAN mantém sua recomendação de um nível mínimo de 20 ng/ml para todos os indivíduos, até que dados locais suficientes estejam disponíveis para estabelecer uma recomendação mais apropriada.

Como tratar a deficiência de vitamina D?

Para níveis de 25(OH)D abaixo de 20 ng/ml, recomenda-se iniciar um regime de suplementação. Em mulheres pós-menopausa e em homens acima de 50 anos, essa suplementação é indicada em caso de presença de deficiência, ou presença de fatores de risco.

No caso de ingestão dietética de cálcio insuficiente com risco de osteoporose, também recomenda-se a suplementação combinada de cálcio e vitamina D. 

Para idosos frágeis, como residentes de casas de repouso, sugere-se considerar o início da suplementação de vitamina D para reduzir o risco de fraturas não vertebrais. 

Além disso, para pacientes em tratamento anti-osteoporose, indica-se a personalização da suplementação de vitamina D com base na saúde, idade, raça, peso e localização geográfica do indivíduo. 

O colecalciferol (vitamina D3) mostrou-se mais eficaz que ergocalciferol (vitamina D2) na elevação dos níveis de 25(OH)D. Calcifediol, outra forma de vitamina D, oferece vantagens em casos de má absorção, comprometimento hepático e obesidade.

Os esquemas de dosagem sugeridos pelo painel são apresentados na tabela abaixo.

Apresentação Dose de carga Duração da dose de carga Dose de manutenção Tempo para medir a resposta
Colecalciferol  4.000 a 5.000 UI/dia  2 a 3 meses 800 a 1000 UI/dia 3 a 6 meses 
Colecalciferol 25.000 a 50.000 UI/semana 2 a 3 meses 5.000 a 10.000 UI/semana 3 a 6 meses
Colecalciferol 50.000 a 100.000/mês  3 meses 800 a 1000 UI/dia 3 a 6 meses
Colecalciferol 50.000 a 100.000 em dose única Dose única 800 a 1000 UI/dia 3 a 6 meses
Calcifediol 0,266 mg/a cada duas semanas 3 meses 0,266 mg/mês 3 a 6 meses

Conclusão

Em resumo, as recomendações de vitamina D para saúde óssea foram cuidadosamente elaboradas com base em evidências atuais, refletindo a diversidade da população da América Latina. 

O foco está em garantir que os níveis de 25(OH)D sejam mantidos, com um mínimo recomendado de 20 ng/ml, e ajustados conforme as necessidades individuais e condições de saúde específicas. Contudo, os autores ressaltam a necessidade urgente de pesquisa específica na região.

Para ler a diretriz completa, clique aqui

Se você gostou deste conteúdo, leia também:

  1. Consenso Europeu para deficiência de vitamina D
  2. Consenso Francês – Vitamina D e cálcio em pediatria
  3. Triagem para deficiência de vitamina D em adultos – Força-Tarefa – EUA 2021 

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Referência:

Gómez O, Campusano C, Cerdas-P S, Mendoza B, Páez-Talero A, de la Peña-Rodríguez MP, Reza-Albarrán AA, Rueda-Plata PN. Clinical Practice Guidelines of the Latin American Federation of Endocrinology for the use of vitamin D in the maintenance of bone health: recommendations for the Latin American context. Arch Osteoporos. 2024 Jun 8;19(1):46. doi: 10.1007/s11657-024-01398-z. PMID: 38850469; PMCID: PMC11162390.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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