A Sociedade Brasileira de Diabetes divulgou novas recomendações para o tratamento nutricional do pré-diabetes (PD) e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Os objetivos da terapia nutricional devem ser de atender as necessidades nutricionais, atingir metas glicêmicas, obtenção e manutenção do peso saudável, controle da pressão arterial e dos lipídeos séricos, dentre outros que serão abordados abaixo.
Em portadores de PD ou DM2, a restrição calórica associada à prática de atividade física para perda de peso e redução do risco de desenvolver DM2 está indicada. Segundo o principal estudo que deu origem a essa recomendação, tal prática pode reduzir em 58% o risco de desenvolver DM2 naqueles que são PD. Nos que possuem sobrepeso/obesidade, uma perda de peso inicial de 5% é responsável por uma melhora importante do controle glicêmico.
O consumo de fibras, em torno de 25-30g/dia, foi associado ao menor risco de desenvolver DM2. Uma meta-análise de coortes prospectivas e ensaios clínicos randomizados evidenciou uma associação inversa, mostrando que quanto maior o consumo de fibras, menor o risco de mortalidade prematura. Além disso, a ingestão de fibras melhorou o controle glicêmico e outros fatores de riscos cardiovasculares.
Segundo os especialistas, em pessoas com DM2 e função renal preservada, o consumo proteico deve variar em torno de 1 a 1,5g proteína/kg/dia, visando a promoção de um balanço nitrogenado positivo, prevenção de sarcopenia e manutenção da massa muscular, com benefícios no controle glicêmico e saciedade. A redução da massa muscular é ao mesmo tempo, causa e consequência da resistência à insulina, e por isso, a preservação da massa muscular é fundamental nesses pacientes.
Embora ainda seja um tema controverso, a diretriz sugere que a restrição de carboidratos pode ser uma estratégia utilizada para controle glicêmico, em indivíduos com DM2, não gestantes. Conforme os estudos epidemiológicos discutidos na diretriz, tanto a restrição severa quanto o excesso de carboidratos na dieta, têm sido associados a um aumento na mortalidade, e por isso, essas orientações devem ser tomadas com muita cautela no cuidado ao paciente.
Ainda não há evidências conclusivas sobre o efeito benéfico ou deletério do uso de edulcorantes não-nutritivos no controle glicêmico de pacientes com DM2. Dessa forma, seu uso não deve visar à melhora do perfil glicêmico, embora possa ser utilizado para redução do consumo calórico, ao substituir o açúcar de adição.
A diretriz ainda aborda os efeitos de suplementos probióticos, suplementos alimentares, programas de grupos educacionais e medidas comportamentais para otimização da terapia nutricional em pacientes com PD e DM2.
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Referência
RAMOS, Silvia et al. Terapia Nutricional no Pré-Diabetes e no Diabetes Mellitus Tipo 2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022). DOI: 10.29327/557753.2022-25, ISBN: 978-65-5941-622-6.