Micobioma intestinal é afetado após sepse e trauma

Micobioma intestinal é afetado após sepse e trauma

micobioma
Fonte: Canva.com

O “micobioma intestinal” se refere à comunidade de fungos que habita o trato gastrointestinal humano. Embora estejam em menor número do que as bactérias, as espécies fúngicas desempenham um papel fundamental na nossa fisiologia, e seu desequilíbrio pode contribuir para a patogênese de diversas doenças. 

Diferente das bactérias, o micobioma intestinal ainda é pouco estudado. Por exemplo, já sabemos que pacientes graves, com sepse ou trauma, apresentam uma disbiose bacteriana persistente. Porém, não está claro se estes processos também levam a uma disbiose fúngica.

Para responder a essa questão, um novo estudo avaliou as mudanças no micobioma de pacientes críticos com sepse e trauma. Confira detalhes a seguir.

Metodologia da pesquisa

Neste novo estudo inovador, realizou-se uma investigação de coorte observacional, prospectiva e unicêntrica.

Foram incluídos 55 pacientes, sendo estes:

  • 18 pacientes com trauma grave;
  • 18 pacientes com sepse cirúrgica;
  • 19 controles saudáveis.

Todos os pacientes com trauma ou sepse foram submetidos a pelo menos 2 a 3 semanas de tratamento padronizado na UTI, e atendiam aos critérios para doença crônica crítica.

A coleta de dados incluiu informações demográficas e clínicas, além de amostras de fezes para análise do micobioma.

Disbiose no micobioma de pacientes sépticos e com trauma

Após analisar os resultados, os autores perceberam que os perfis do micobioma de pacientes com sepse e trauma eram semelhantes, mas muito diferentes do grupo controle saudável.

Nos pacientes sépticos e com trauma, predominou o gênero Candida, que chegou a ocupar mais de 95% da abundância micobioma dos participantes com sepse. Já nos adultos saudáveis, outros gêneros como Rhodotorula, Saccharomyces e Penicillium estavam presentes, mostrando uma maior diversidade.

Na análise das relações entre o micobioma e o bacterioma intestinal, as espécies fúngicas dos pacientes críticos se associaram à bactérias relacionadas à infecções gastrointestinais, como a família Enterobacteriaceae, Escherichia-Shigella, Enterococcus e Staphylococcus.

Já táxons benéficos, incluindo Bifidobacterium, Akkermansia e Ruminococcus, correlacionaram-se com gêneros de fungos mais abundantes nos adultos saudáveis, tal como o Penicillium.

Em resumo, os pesquisadores identificaram uma disbiose nos pacientes críticos com trauma ou sepse, caracterizadas por:

  • Micobioma com diversidade reduzida
  • Aumento acentuado de Candida, que pode induzir à candidíase
  • Depleção de táxons fúngicos comensais
  • Estrutura microbiana alterada

Os motivos para este desequilíbrio ainda não estão totalmente elucidados, mas os autores sugerem a ruptura na barreira epitelial intestinal e o regime de antibióticos oferecidos aos pacientes com sepse e trauma.

Conclusão

Os resultados do estudo revelam a persistência da disbiose do micobioma em pacientes de sepse e trauma, em um estado de patobioma suscetível a infecções fúngicas.

Segundo os autores, tais descobertas destacam a importância de intervenções terapêuticas destinadas a prevenir a disbiose e restaurar a homeostase microecológica intestinal.

Para ler a pesquisa completa, clique aqui.

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Referência:

Park, G., Munley, J.A., Kelly, L.S. et al. Gut mycobiome dysbiosis after sepsis and trauma. Crit Care 28, 18 (2024). https://doi.org/10.1186/s13054-023-04780-4

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