ESPEN – Diretriz de Nutrição Clínica na Unidade de Terapia Intensiva

ESPEN – Diretriz de Nutrição Clínica na Unidade de Terapia Intensiva

nutrição clínica na UTI
Fonte: Canva.com

A Sociedade Europeia de Nutrição Enteral e Parenteral publicou a nova atualização da diretriz de nutrição clínica na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Devido a heterogeneidade dos pacientes internados na UTI, as recomendações têm a sua validade externa reduzida. Por isso, os autores orientam que essa diretriz sirva de base para apoiar decisões avaliadas considerando a individualidade de cada paciente.

Veja as principais recomendações a seguir.

Triagem e Avaliação Nutricional

Segundo os autores, todo paciente grave que permanece na UTI por mais de 48h está em risco de desnutrição.

Atualmente, não há nenhum escore nutricional específico para a UTI. Dessa forma, recomenda-se uma avaliação clínica geral a fim de investigar a presença de desnutrição na UTI, até que uma ferramenta específica seja validada.

Embora a ferramenta NUTRIC (risco nutricional em doentes críticos) seja destinada a esse público, ela apresenta uma forte limitação, pois considera apenas o risco baseado na gravidade da doença.

Nutrição Precoce e Via de Administração

A nutrição enteral precoce deve iniciar dentro das 48h de internação, com atenção para os quadros de superalimentação que podem ocorrer pela oferta da nutrição enteral ou parenteral na meta antes do 3°dia.

Para os pacientes que conseguirem se alimentar por via oral, atingindo 70% das suas necessidades nutricionais do 3° ao 7° dia, essa via está formalmente indicada, quando não houver risco de vômitos e aspiração.

Todavia, para aqueles que não conseguirem se alimentar por via oral ou não atingirem suas necessidades nutricionais, mas possuírem o trato gastrointestinal funcionante, a terapia nutricional enteral está indicada.

Recomendações Nutricionais

Na ausência de calorimetria indireta (CI), os especialistas ESPEN indicam as equações preditivas, considerando uma nutrição hipocalórica (inferior a 70% das necessidades estimadas) na 1ª semana de internação na UTI. 

Em seguida, após o 3º dia, aumentar este valor em até 80-100% das necessidades é uma opção considerável. A oferta calórica de 20-25kcal/kg/dia é preferível, por se aproximar dos valores de CI.

Durante a doença crítica, a recomendação de proteína de 1,3g de proteína/kg/dia está indicada, não havendo benefícios adicionais com uma dosagem superior a esta que foi determinada.

O uso de glutamina está indicado nos pacientes queimados (superfície corporal queimada superior a 20%) na dosagem de 0,3-0,5g/kg/dia, durante 10-15 dias. Além disso, para o quadro de trauma grave, sugere-se a dosagem de 0,2-0,3g/kg/dia durante os primeiros 5 dias.

Situações Específicas

Sepse

Após a estabilização hemodinâmica, a nutrição enteral precoce e progressiva deve ser ofertada. Nos casos de choque séptico, a perfusão intestinal esplâncnica está prejudicada e pode ser agravada com a oferta de nutrição enteral. Ofertar baixas quantidades de nutrição enteral, avaliando tolerância gastrointestinal é fundamental nesses indivíduos.

Obesidade

Na ausência de calorimetria indireta, a utilização do peso ajustado para cálculos nutricionais pode ser uma alternativa. Para proteína, sugere-se a oferta de 1,3g/kg de peso ajustado/dia (na incapacidade de realizar o balanço nitrogenado de 24h).

Por fim, a diretriz também aborda manejo clínico da nutrição parenteral, monitoramento da terapia nutricional e muitos outros tópicos importantes e relevantes para a prática clínica do nutricionista que atua na UTI.

Para acessar esse documento completo, clique aqui.

Se você gostou deste artigo, leia também:

Referência:

Pierre Singer, Annika Reintam Blaser, Mette M. Berger, Philip C. Calder, Michael Casaer, Michael Hiesmayr, Konstantin Mayer, Juan Carlos Montejo-Gonzalez, Claude Pichard, Jean-Charles Preiser, Wojciech Szczeklik, Arthur R.H. van Zanten, Stephan C. Bischoff, ESPEN practical and partially revised guideline: Clinical nutrition in the intensive care unit, Clinical Nutrition, Volume 42, Issue 9, 2023, Pages 1671-1689.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

Compartilhe este post