Diretriz ESPEN – Terapia nutricional para pacientes polimórbidos internados

Diretriz ESPEN – Terapia nutricional para pacientes polimórbidos internados

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Fonte: Canva.com

A Sociedade Europeia de Nutrição Enteral e Parenteral (ESPEN) acaba de atualizar seu guideline sobre o manejo nutricional em pacientes hospitalizados que apresentam policomorbidades. 

Nesse público, a prevalência de desnutrição é alta e esse fator contribui de forma significativa para maior morbidade, incapacidade, aumentos de custos com o tratamento, atraso na recuperação e maior mortalidade.

Por isso, para driblar tal cenário, veja as principais recomendações ESPEN a seguir.

Triagem e Avaliação Nutricional

Segundo os autores, os pacientes polimórbidos apresentam alto risco nutricional, sendo necessária uma avaliação rápida para investigar o risco de desnutrição.

Isso pode ser feito através de algumas ferramentas de triagem nutricional, como Nutritional Risk Screening 2002 (NRS-2002) ou Mini Nutritional Assessment Short-Form (MNA-SF).

Nos pacientes que apresentarem risco nutricional, uma avaliação nutricional completa deve ser realizada, de forma objetiva e/ou subjetiva. Um exemplo é a avaliação da composição corporal por antropometria, ou ainda a utilização da Avaliação Subjetiva Global (ASG) ou a Global Leadership Initiative on Malnutrition (GLIM).

Vias de administração da Terapia Nutricional

Nos pacientes com alto risco nutricional e que podem se alimentar por via oral, é indicada a oferta de suplemento nutricional oral (SNO) para alcançar as necessidades nutricionais. Essa estratégia pode ter um bom impacto na qualidade de vida, sobrevida e no estado nutricional, contribuindo para uma redução da mortalidade.

Para aqueles que não tolerarem ou se recusarem a utilizar SNO, a fortificação da alimentação com alimentos calóricos e proteicos está recomendada. No mínimo, 75% das necessidades nutricionais devem ser atingidas.

Nos casos de contraindicação da via oral, a nutrição enteral (NE) deve ser a via de acesso priorizada para nutrir o paciente, antecedendo à indicação de nutrição parenteral (NP).

Gasto energético

A calorimetria indireta (CI) é o padrão-ouro para avaliação do gasto energético dos pacientes hospitalizados. Na ausência de CI, a utilização de fórmulas preditivas ou fórmulas de bolso podem ser aderidas, embora a precisão das mesmas sejam inferiores nesse público alvo.

Recomendações Nutricionais

Nos idosos polimórbidos, o valor calórico pode ser estimado em 27 kcal/kg de peso atual/dia, podendo chegar até 30 kcal/kg/dia nos pacientes com baixo peso. A progressão da oferta calórica deve ser feita com cautela, atentando-se para o risco da síndrome de realimentação.

Em relação à proteína, a oferta deve variar de 1,2 – 1,5g/kg de peso atual/dia, a fim de manter o peso corporal, reduzir complicações, melhorar funcionalidade e qualidade de vida. Nos idosos com redução da taxa de filtração glomerular (inferior a 30  mL/min/1,73 m2) a oferta recomendada é de 0,8 g/kg/dia.

Condições especiais

Na presença de lesão por pressão, aminoácidos específicos (arginina e glutamina) e B-Hidroximetilbutirato podem ser adicionados a alimentação oral/enteral, a fim de otimizar o processo de cicatrização das lesões.

Para os idosos em nutrição enteral, a utilização de fórmulas enriquecidas com fibras solúveis e insolúveis pode contribuir para uma melhor saúde intestinal.

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Referência:

Wunderle C, Gomes F, Schuetz P, Stumpf F, Austin P, Ballesteros-Pomar MD, Cederholm T, Fletcher J, Laviano A, Norman K, Poulia KA, Schneider SM, Stanga Z, Bischoff SC. ESPEN guideline on nutritional support for polymorbid medical inpatients. Clin Nutr. 2023 Jul 8;42(9):1545-1568. doi: 10.1016/j.clnu.2023.06.023. Epub ahead of print. PMID: 37478809.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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