ASPEN/ESPEN/SCCM – 10 dicas de especialistas sobre nutrição enteral em UTI

ASPEN/ESPEN/SCCM – 10 dicas de especialistas sobre nutrição enteral em UTI

Com base nas diretrizes americanas e europeias, especialistas reuniram em uma publicação recente 10 dicas para otimizar práticas de nutrição enteral em UTI. Os tópicos abordados consideram questões centrais, como o momento ideal para iniciar a nutrição enteral, necessidades de energia e proteína, intolerâncias gastrintestinais e síndrome da realimentação.

O início da nutrição enteral deve ocorrer entre 24 e 48h da admissão na UTI. Em estados críticos, deficiências graves de macro e micronutrientes podem ocorrer devido cascatas de distúrbios metabólicos e hormonais. O oferecimento precoce de nutrientes exógenos pela nutrição enteral ajuda a mitigar esse estado catabólico e prevenir atrofia das vilosidades intestinais, apoptose de enterócitos, infiltração inflamatória, disbiose e comprometimento das funções imunes intestinais. A nutrição enteral precoce pode aliviar ou até reverter algumas dessas cascatas fisiopatológicas.

De acordo com o consenso de especialistas, pacientes com baixo risco nutricional, estado nutricional basal normal e baixa gravidade da doença (por exemplo, NRS 2002 ≤3 ou pontuação NUTRIC ≤5) não necessitam de terapia nutricional especializada durante a primeira semana de internação na UTI. Nos demais casos, o oferecimento de calorias deve estar abaixo do gasto energético (não superior a 70%) durante a fase inicial da doença aguda, e deve ser aumentado até 80-100% após o terceiro dia, totalizando 4-7 dias para atender as necessidades nutricionais.

O oferecimento adequado de proteína auxilia a preservação da massa muscular, que serve como reserva metabólica endógena ou de aminoácidos. A resposta catabólica de estados críticos leva à perda acentuada de massa muscular. Nas primeiras 24 horas de internação na UTI, perdas de nitrogênio aumentam até quatro vezes e podem chegar até 1 kg por dia nos primeiros 10 dias. Para oferecimento adequado de proteína, recomenda-se dose inicial baixa (0,8 g/kg/dia), com aumento progressivo para > 1,2 g/kg/dia.

No que se refere a micronutrientes, os especialistas recomendam a suplementação de tiamina na admissão e, quando quantidades forem insuficientes pelo volume ofertado de nutrição enteral, introduzir suplementação adicional. A combinação de vitaminas antioxidantes, incluindo vitaminas E e C, e minerais como selênio, zinco e cobre, podem ser benéficos em doses consideradas seguras em pacientes críticos. A ingestão de oligoelementos e vitaminas é essencial para o metabolismo normal, imunidade e defesa antioxidante. Estes micronutrientes funcionam como uma teia, e 24 deles precisam ser obtidos pela nutrição. Reservas corporais são variáveis, mas geralmente insuficientes para garantir o metabolismo normal além de uma semana. Necessidades específicas dependerão da presença de deficiência prévia, ingestão de alimentos antes da admissão, perdas de fluidos corporais, doença e taxa de alimentação.

Mais informações sobre o uso de fórmulas hiperprotéicas e hipercalóricas, assim como o monitoramento da síndrome da realimentação, tolerância gastrintestinal e outras condições podem ser acessados, clicando aqui.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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