Dose proteica influencia mortalidade em pacientes

Dose proteica influencia mortalidade em pacientes

pacientes críticos
Fonte: Canva.com

No campo da nutrição em UTI, o estabelecimento de uma dose proteica ideal é uma prioridade. Embora a proteína seja um nutriente fundamental para a função e sobrevivência celular, alguns estudos levantam hipóteses de que altas doses proteicas causam danos aos pacientes críticos, incluindo a maior mortalidade.

Em um novo estudo, pesquisadores buscaram entender a associação entre a oferta protéica para pacientes graves e a sobrevida em 30 dias. Confira!

Dose proteica alta vs baixa

A pesquisa tratou-se de uma análise secundária exploratória de um ensaio clínico multicêntrico e randomizado, o EFFORT Protein, que incluiu 1.277 pacientes adultos com risco nutricional e necessitando de ventilação mecânica.

Nesse sentido, os autores compararam a influência de duas doses de proteína na mortalidade em 30 dias. Foram essas:

  • Dose proteica mais alta (≥ 2,2 g/kg/dia);
  • Dose proteica mais baixa (≤ 1,2 g/kg/dia).

A capacidade dos pacientes críticos em utilizar aminoácidos para síntese proteica é cerca de 60% menor do que a de um ser humano saudável. As proteínas não absorvidas pelos tecidos são metabolizadas em amônia e, posteriormente, em ureia. 

Sendo assim, a ureia sérica atua como uma assinatura biológica dos distúrbios metabólicos das doenças críticas. Por isso, medições de ureia sérica foram coletadas durante 12 dias.

Altas doses proteicas aumentaram a mortalidade em pacientes críticos

Após a análise dos dados do EFFORT, os autores observaram que altas doses proteicas resultaram em níveis de ureia mais elevados, associadas a um risco aumentado de mortalidade em 30 dias.

No período observado, 344 mortes aconteceram. O número médio de medições de ureia naqueles que morreram foi de 11,5 mmol/L. Já nos sobreviventes,  foi de 11,0 mmol/L. Para um aumento de 1% na ureia variável, houve um aumento de 0,4% na mortalidade em 30 dias.

Além disso, no dia 6, a ureia mediana foi 2,1 mmol/L maior no grupo de alta proteína, aumentando para 3,0 mmol/L no dia 12. 

O que dizem as diretrizes?

Segundo os autores, os resultados da pesquisa apoiam a adoção de doses proteicas mais baixas no cuidado dos pacientes críticos, não excedendo 1,2 g/kg/dia em qualquer estágio da doença, principalmente em caso de aumento de ureia ou ureia crescente.

Tal recomendação contrasta com as atuais diretrizes. Por exemplo, para a Associação Colombiana de Nutrição Clínica (ACNC) e de Medicina Crítica e Terapia Intensiva (AMCI), a dose proteica para pacientes críticos deve ser de 1,3 a 1,5 g/kg/d. Já a BRASPEN indica o aporte de 1,2 a até 2 g/kg/dia.

Para os autores,  as diretrizes clínicas devem ser revisadas para remover doses mais altas ou para considerar a ureia sérica antes do aumento da dose.

Conclusão

Em resumo, o uso de altas doses proteicas pode aumentar o risco de mortalidade em pacientes críticos. 

É necessário que novos estudos investiguem os mecanismos por trás dessa associação, tal como as atividades do ciclo da ureia e o acúmulo de produtos tóxicos, que podem levar à disfunção de órgãos na doença crítica. 

Para ler o artigo completo, clique aqui.

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Referência:

Haines, R.W., Prowle, J.R., Day, A. et al. Association between urea trajectory and protein dose in critically ill adults: a secondary exploratory analysis of the effort protein trial (RE-EFFORT). Crit Care 28, 24 (2024). https://doi.org/10.1186/s13054-024-04799-1.

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