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Atualmente, 280 milhões de pessoas ao redor do mundo (5% da população adulta) convivem com o transtorno depressivo maior (TDM). Algumas condições clínicas, como o diabetes mellitus tipo 2 (DM2), aumentam o risco de depressão, e o oposto também acontece.
Por outro lado, o tratamento com antidepressivo também está relacionado a efeitos adversos, incluindo impactos na saúde cardiometabólica e ganho de peso. Estudos sugerem que as vias envolvendo histamina e serotonina, que regulam o apetite, contribuem para esses efeitos relacionados ao peso.
Sabendo dos efeitos antidepressivos da curcumina, uma recente pesquisa teve como objetivo avaliar a suplementação deste composto na melhora da gravidade da depressão em pacientes com obesidade e DM2. Será que os efeitos foram positivos? Continue lendo para descobrir.
Metodologia: grupo curcumina vs placebo
Em um novo estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, pesquisadores tailandeses reuniram 227 participantes.
Como critérios de inclusão, todos os indivíduos deveriam ser pacientes acima de 35 anos, com diagnóstico de DM2 nos últimos 12 meses. Além disso, deveriam ter um IMC ≥23 kg/m² e glicemia bem controlada (hemoglobina glicada [HbA1c] < 6,5% e glicemia plasmática em jejum [FPG] < 110 mg/dL).
Após triagem, consentimento e treinamento de dieta e estilo de vida, todos os participantes foram aleatoriamente designados para dois grupos:
- Grupo curcumina (n=113)
- Grupo placebo (n=114)
Nesse sentido, os participantes tomaram três cápsulas de curcumina ou placebo duas vezes ao dia, totalizando seis cápsulas por dia, ao longo de 12 meses. Cada cápsula de curcumina continha 250 mg de curcuminoides. A Organização Farmacêutica do Governo da Tailândia fabricou as cápsulas de curcumina e placebo.
O resultado primário foi avaliado usando a versão tailandesa do Questionário de Saúde do Paciente de nove itens (PHQ-9). Assim, a gravidade da depressão foi categorizada da seguinte forma: 0–4 (mínimo), 5–9 (leve), 10–14 (moderado), 15–19 (moderadamente grave) e 20–27 (grave).
Os desfechos secundários incluíram níveis séricos de serotonina (para avaliar o grau de depressão), níveis de citocinas pró-inflamatórias e atividades antioxidantes.
Os efeitos adversos da curcumina foram monitorados por meio de níveis de creatinina, aspartato transaminase, alanina transaminase e sintomas relatados.
Curcumina melhorou a gravidade da depressão
Após a análise de dados, os cientistas constataram que as pontuações do PHQ-9, que avaliam a gravidade da depressão, foram significativamente menores no grupo da curcumina do que no grupo placebo em 3, 6, 9 e 12 meses.
Nesse sentido, o grupo da curcumina mostrou uma melhora acentuada da gravidade da depressão (20,4%) em comparação ao grupo placebo (2,63%). Além disso, os níveis de serotonina foram significativamente elevados neste grupo.
Os efeitos adversos estiveram presentes em alguns pacientes de forma leve, incluindo dor abdominal, diarreia e dor de cabeça. Entretanto, nenhum dos pacientes abandonou o tratamento por conta destes efeitos.
No geral, esses resultados sugerem que o extrato de curcumina pode ser usado com segurança por pelo menos 12 meses. Outros estudos em humanos já sugeriram boa tolerância à curcumina em altas doses de até 8000 mg/dia, sem toxicidade evidente.
Além de melhorar a gravidade da depressão, a curcumina também apresentou efeitos antidiabéticos. Por exemplo, os níveis de HbA1c, FPG, HOMA-IR foram significativamente menores no grupo da curcumina do que no grupo placebo.
Por que a curcumina pode ajudar no tratamento da depressão?
A curcumina é o principal curcuminoide encontrado na cúrcuma. Em investigações anteriores com animais, seus efeitos antidepressivos foram relacionados à promoção da neurogênese no hipocampo, além do aumento dos níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina no cérebro pela inibição da enzima monoamina oxidase.
Neste estudo recente, os cientistas sugeriram que a melhora da gravidade da depressão foi devido aos seus efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, que contribuíram para a elevação dos níveis de serotonina.
De fato, a curcumina diminuiu significativamente os níveis de citocinas inflamatórias como IL-1β, IL-6 e TNF-α. Essas citocinas impactam a síntese, o transporte, o metabolismo e a sensibilidade do receptor de serotonina, todos fatores cruciais em transtornos de humor, como a depressão.
Além disso, o grupo curcumina também mostrou aumentos significativos no estado antioxidante total, atividade da glutationa peroxidase e atividade da superóxido dismutase. Por outro lado, o malondialdeído, um marcador de estresse oxidativo, foi significativamente menor. Nesse contexto, já se sabe que o estresse oxidativo interrompe o metabolismo da serotonina e a neurotransmissão.
Conclusão
Em resumo, a pesquisa mostrou que os suplementos de curcumina exibem potenciais efeitos antidepressivos em pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade, elevando os níveis de serotonina, reduzindo a inflamação e mitigando o estresse oxidativo.
Para ler o artigo científico completo, clique aqui.
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Referência:
Yaikwawong M, Jansarikit L, Jirawatnotai S, Chuengsamarn S. Curcumin Reduces Depression in Obese Patients with Type 2 Diabetes: A Randomized Controlled Trial. Nutrients. 2024; 16(15):2414. https://doi.org/10.3390/nu16152414