Recentemente, uma nova diretriz foi publicada com base no protocolo “Enhanced Recovery After Surgery” (ERAS), com o intuito de minimizar a resposta ao estresse cirúrgico em pacientes submetidos ao transplante hepático (TH). Conforme a literatura ressalta, a aplicação do ERAS na prática cirúrgica está associada a uma melhor recuperação com redução de complicações pós-operatórias e tempo de internação hospitalar, mas sem aumento nas taxas de readmissão.
O transplante hepático é um tratamento que salva vidas para doença hepática terminal, com sobrevida de 1 a 5 anos. Entretanto, apesar desses resultados positivos de sobrevida, complicações são comuns. A fragilidade, comorbidades pré-operatórias, desafios cirúrgicos e imunossupressão pós-operatória são responsáveis por 40-92% de morbidade confundida.
De acordo com os especialistas, a triagem nutricional pré operatória de pacientes cirróticos deve ser realizada, a fim de rastrear a presença de desnutrição nessa população. Para isso, recomenda-se a utilização de uma ferramenta validada de triagem e após esta investigação, esses pacientes devem ser encaminhados a uma equipe multidisciplinar para a intervenção nutricional.
Referente ao aporte calórico e proteico ofertado a esses pacientes, o guideline aborda que no pré-operatório de TH ou em cirróticos desnutridos, o alcance de metas nutricionais de 30-35kcal/kg/dia e 1,5g proteína/kg/dia, está fortemente recomendado, com um alto nível de evidência. Em adição, os autores salientam que não há necessidade de restrição proteica nos casos de encefalopatia hepática.
Quanto ao uso de probióticos, algumas evidências apoiam o uso antes ou no dia do transplante hepático. A duração do tratamento e o número de cepas incluídas ainda são variáveis e inconclusivas entre os estudos. Já em relação à realização de imunonutrição em pacientes que serão submetidos ao TH, as evidências disponíveis são inconclusivas e nenhuma recomendação pode ser feita antes do TH.
No pós-operatório de TH, a ingestão alimentar normal por via oral e/ou nutrição enteral (sonda nasogástrica ou jejunostomia) deve ser iniciada em até 12-24 horas após o procedimento, de acordo com a tolerância do paciente. A nutrição parenteral deve ser considerada como a última opção quando o uso da via oral ou enteral não são possíveis.
A diretriz ainda aborda assuntos como abreviação de jejum pré-operatório, utilização de sonda nasogástrica no pós-operatório, mobilização precoce, controle glicêmico e outros pontos importantes no cuidado clínico e nutricional do paciente submetido ao TH.