Impacto da imunonutrição na resposta cirúrgica de pacientes com câncer

Impacto da imunonutrição na resposta cirúrgica de pacientes com câncer

O câncer de esôfago é a sexta causa mais comum de morte por câncer e o oitavo tipo de tumor maligno mais comum em todo o mundo. A cirugia é a melhor intervenção terapêutica para os tumores ressecáveis, mas mesmo com avanços constantes nas técnicas cirúrgicas, esse procedimento ainda apresenta elevadas taxas de complicações pós-operatórias, como maior permanência na UTI e morbidade. Para pacientes que passaram por esofagectomia, a terapia nutricional enteral se mostrou mais eficaz que a nutrição parenteral, até mesmo quando consideramos o aspecto financeiro.

A imunonutrição inclui o uso de nutrientes como arginina, ácidos graxos ômega-3 e moléculas de RNA, que irão estimular o sistema imune do hospedeiro, modular a resposta inflamatória, aumentar o balanço de nitrogênio e a síntese de proteínas e melhorar a função intestinal após cirurgias de grande porte. Na realidade de pacientes que passaram por esofagectomia, ainda não está claro se a imunonutrição enteral (INE) é mais adequada para pacientes que a nutrição enteral (NE) padrão. Para responder essa pergunta, um ensaio clínico randomizado, duplo-cego foi conduzido.

O estudo teve objetivo de investigar a eficácia da INE no pré e pós-operatório, em relação a NE em pacientes submetidos a esofagectomia. Um total de 112 pacientes foram incluídos. Entre os critérios de inclusão destacam-se: a capacidade de engolir, ausência de alergia ao leite ou soja, condições cardíacas agudas ou instáveis, disfunção renal grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, disfunção hepática e pancreatite.

Parâmetros imunológicos foram medidos 1 semana antes da cirurgia, no pré-operatório e nos dias 1°, 5°, 7° do pós-operatório e no 30° dia após a alta do paciente. Marcadores imunológicos dosados incluíram: célular T e seus subconjuntos, células NK, imunoglobulinas IgG, IgM e IgA, interleucina 6 (IL-6) e proteína C reativa. Os autores do estudo relataram que complicações infeciosas foram menos frequentes em pacientes do grupo INE. A taxa de CD8 foi significativamente menor no grupo INE, o que resultou em uma taxa decrescente de CD4 / CD8 no grupo INE no terceiro dia pós-operatório. Os resultados sugerem que o grupo INE pode produzir uma melhor imunidade humoral, enquanto o grupo NE pode produzir uma imunidade celular mais ativa. No mesmo dia, a taxa de células NK no grupo INE apresentou tendência de superioridade em relação ao grupo NE, o que indica melhor imunidade celular inespecífica do grupo INE.

Níveis de IgM no grupo NE foram significativamente maiores do que no grupo INE no terceiro e sétimo dia do pós-operatório. A IgM é caracterizada como a primeira imunoglobulina a aumentar na infecção recente, o que reflete respostas inflamatórias na humanidade. O aumento do nível de IgM no grupo NE pode ser encarado como maior incidência de complicações infecciosas no grupo NE em comparação com o grupo INE, o que indica que INE pode ter um efeito modulador positivo nas respostas inflamatórias e melhorar os resultados em curto prazo.

Em conclusão, embora nenhuma diferença significativa tenha sido encontrada nos resultados clínicos e de sobrevida entre os grupos EIN e EN, a imunonutrição ainda pode ter um efeito positivo na função imunológica de pacientes submetidos à esofagectomia.

Li XK, Cong ZZ, Wu WJ, Xu Y, Zhou H, Wang GM, Qiang Y, Luo LG, Shen Y. Enteral immunonutrition versus enteral nutrition for patients undergoing esophagectomy: a randomized controlled trial. Ann Palliat Med. 2021 Feb;10(2):1351-1361.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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