Como o ômega-3 e o ômega-6 afetam a perda de massa muscular?

Como o ômega-3 e o ômega-6 afetam a perda de massa muscular?

perda de massa muscular
Fonte: Canva.com

A perda de massa muscular é um problema comum no envelhecimento, e pode elevar o risco de sarcopenia, fragilidade, fraturas e mortalidade. Em geral, a depleção dos músculos se inicia aos 30 anos de idade, com um aumento de 1 a 2% ao ano a partir dos 50 anos. 

Em relação à nutrição, recomenda-se um consumo proteico adequado para evitar e/ou tratar essa perda. Contudo, poucos estudos investigam a relação entre esse processo e o consumo de outros nutrientes, como os ácidos graxos poliinsaturados.

Recentemente, uma pesquisa inovadora investigou a associação entre as concentrações basais de ômega-3 e ômega-6, e as alterações na massa muscular esquelética ao longo dos anos. Confira detalhes a seguir.

Comparação da massa muscular ao longo de 6 anos 

A investigação em questão trata-se de um estudo de coorte, com base na pesquisa “Guangzhou Nutrition and Health Study (GNHS), que reúne dados de adultos chineses mais velhos. Os autores coletaram dados dos últimos 6 anos e meio. 

Ao total, 1.494 indivíduos participaram da pesquisa, com idade média de 57 anos. Para determinar as concentrações de ácidos graxos, amostras de sangue em jejum foram coletadas. Em seguida, as concentrações de ômega-3 e ômega-6 da membrana eritrocitária foram determinadas usando cromatografia gás-líquido.

Utilizou-se a absorciometria radiológica de dupla energia (DXA) para medir a massa muscular esquelética. Para cada participante, os estudiosos calcularam as mudanças percentuais de composição corporal ao longo dos anos, traduzidos pelos índices:

  • Δ% IME (índice de músculo esquelético); 
  • Δ% IMMEA (índice de músculo esquelético apendicular); 
  • Δ% IMMCT (índice de massa magra corporal total). 

Altas concentrações de ômega-6 previnem a perda de massa muscular

Após uma extensa análise, os cientistas notaram que uma alta massa muscular esquelética estava associada a concentrações de ômega-6 mais altas nos eritrócitos. 

Embora este resultado não seja um consenso na ciência, alguns estudos o corroboram. Por exemplo, em pesquisa anterior, a suplementação por 4 semanas com ácido araquidônico (um tipo de ômega-6) potencializou mecanismos moleculares relacionados à hipertrofia durante a recuperação de exercícios resistidos.

Níveis extremos de ômega-3 foram prejudiciais

No estudo, a massa muscular esquelética apresentou uma relação em forma de U invertido com as concentrações ômega-3, e a proporção de ômega-6:ômega-3. Assim, embora o ômega-3 possa ajudar na preservação muscular, níveis muito altos podem ser prejudiciais

No geral, a proporção ômega-6:ômega-3 em torno de 3.69 se mostrou benéfica para a manutenção da massa muscular esquelética (e consequente prevenção da perda de massa muscular).

Os autores sugerem que diversos processos biológicos, potencializado pelos ômega-3, podem ajudar a prevenir a perda de massa muscular, sendo estes:

  1. Aumento da taxa de síntese de proteínas muscular;
  2. Propriedades anti-inflamatórias, aliviando a resistência anabólica muscular relacionada à idade;
  3. Proteção ao músculo contra a resistência insulínica (um contribuinte da perda muscular).

No entanto, devido às múltiplas ligações duplas, estes ácidos graxos são altamente suscetíveis à oxidação, que pode induzir danos celulares e estimular uma resposta inflamatória. Isso pode explicar porque os seus níveis extremos se associaram de forma negativa à massa muscular esquelética.

Conclusão

Em resumo, os autores concluem que altas concentrações ômega-6 da membrana eritrocitária podem se correlacionar com menos perda de massa muscular esquelética, enquanto níveis extremamente altos de ômega-3 podem induzir a perda muscular.

Os resultados do estudo servem de alerta para que profissionais de saúde promovam uma proporção dietética adequada entre os ácidos graxos poliinsaturados. O consumo exagerado de ômega-3, como aquele causado pela suplementação sem supervisão, pode ser prejudicial e acarretar consequências desagradáveis.

Para ler o artigo completo, clique aqui.

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Referência:

Su M, Zhang X, Hu W, Yang Z, Chen D, Yang Y, Xie K, Chen Y, Zhang Z. The associations of erythrocyte membrane polyunsaturated fatty acids with skeletal muscle loss: A prospective cohort study. Clin Nutr. 2023 Dec;42(12):2328-2337. doi: 10.1016/j.clnu.2023.09.027. Epub 2023 Oct 6. PMID: 37862819.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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