ASPGHAN – Consenso sobre o diagnóstico e tratamento da alergia à proteína do leite de vaca

ASPGHAN – Consenso sobre o diagnóstico e tratamento da alergia à proteína do leite de vaca

O Grupo de Trabalho de Alergia Alimentar da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica convocou um grupo de especialistas latino-americanos para chegar a um consenso e formular um documento para unificar os critérios diagnósticos e terapêuticos para alergia à proteína do leite de vaca (APLV).

As alergias alimentares são um problema de saúde que tem aumentado nos últimos anos. A APLV é o resultado de uma resposta imune anormal que ocorre após a ingestão de proteínas do leite de vaca (PLV) e seus mecanismos são mediados por imunoglobulina E (IgE), não mediados por IgE ou mistos. Estudos do Brasil relatam uma incidência de 2,2% e uma prevalência de 5,4%.

Os sintomas mais frequentes para a suspeita diagnóstica de APLV, principalmente em lactentes, são: irritabilidade, choro intenso, reações cutâneas, como dermatite atópica, urticária e angioedema, e sintomas gastrointestinais, como vômitos ou regurgitação, dor abdominal, cólicas com características patológicas, constipação ou diarreia, com ou sem sangramento intestinal, a maioria dos quais se manifesta antes dos 12 meses de idade. E o seu diagnóstico é essencialmente clínico, tornando-se dispensável a realização de exames laboratoriais para sua comprovação.

A suspeita diagnóstica clínica de APLV deve ser confirmada pela eliminação total do alérgeno, ou seja, a exclusão das PLVs, o desaparecimento completo dos sintomas atribuídos e a realização posterior da provocação alimentar oral, a fim de confirmar o aparecimento dos sintomas após o consumo. O período de eliminação antes de realizar o teste de provocação é de 1 a 2 semanas em alergias mediadas por IgE e 2 a 4 semanas em alergias não mediadas por IgE.

Segundo os especialistas, o tratamento da APLV em crianças amamentadas exclusivamente é a eliminação da PLV na dieta materna e as mães devem receber suplementação com 1 g/dia de cálcio e 600 UI/dia de vitamina D. E para os bebês que não são recebem amamentação exclusiva, as fórmulas extensamente hidrolisadas são seguras, hipoalergênicas, nutricionalmente adequadas e devem ser a primeira escolha no tratamento.

Os autores ainda reforçam que a introdução alimentar deve ser iniciada na mesma idade das crianças sem APLV e a inclusão de alimentos deve seguir as mesmas recomendações feitas para crianças sem alergias.

Por fim, a avaliação da persistência ou resolução do APLV só pode ser estabelecida por meio de teste de tolerância adquirida, que envolve a reintrodução de PLV, sob supervisão médica.

Confira o guideline original, clicando aqui.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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