Fórmulas infantis e desenvolvimento intelectual

Fórmulas infantis e desenvolvimento intelectual

A amamentação exclusiva é considerada a melhor forma de nutrição para os 6 primeiros meses de vida, mas pode ser desafiadora para muitas mulheres. O uso de fórmulas infantis é uma prática recorrente em sociedades modernas, e a otimização da composição destes produtos torna-se um assunto de interesse público.

Fórmulas infantis foram desenvolvidas para complementar ou substituir o leite materno, e possuem características que as tornam adequadas para que possam ser a única fonte de nutrição nos primeiros meses de vida. Além de terem sido desenvolvidas para atender as necessidades nutricionais de recém-nascidos, algumas fórmulas também prometem benefícios adicionais, especialmente para melhorar os resultados cognitivos em longo prazo mais semelhantes aos de bebês que receberam leite materno.

A partir de uma análise conjunta de uma série de ensaios clínicos randomizados, um estudo recente conduzido na Inglaterra comparou resultados dos principais tipos de fórmulas infantis otimizadas: as suplementadas com nutrientes, as enriquecidas com ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (LCPUFAs) e as fórmulas de continuação fortificadas com ferro no desempenho acadêmico.

Um total de 1.763 adolescentes participantes de sete ensaios clínicos randomizados na infância com fórmulas infantis fizeram parte da pesquisa. As comparações realizadas entre fórmulas foram as seguintes: LCPUFAs X fórmula padrão; fórmula de continuação fortificadas com ferro X fórmula de continuação com baixo teor de ferro; fórmula com palmitato sn-2 alto X baixo; fórmula suplementada com nucleotídeo X fórmula não suplementada.

A capacidade cognitiva foi avaliada a partir de testes aplicados pelo departamento de Educação da Inglaterra, realizados obrigatoriamente em todos os adolescentes aos 16 anos. Esses testes incluem exames matemáticos e de habilidade, e são considerados preditivos de resultados de ensino superior e emprego.

Os dados de avaliação matemática mostraram que, aos 16 anos, bebês nascidos pequenos para a idade gestacional a termo, ou em bebês prematuros após a alta hospitalar não apresentaram evidências de melhora da capacidade cognitiva com o uso de fórmulas enriquecidas, quando comparadas ao uso de fórmulas padrão. Esse resultado foi observado nas comparações entre fórmulas LCPUFA X fórmulas não suplementadas; fórmulas de continuação com alto X baixo teor de ferro.

Tomados em conjunto, os resultados indicam que quando comparadas a fórmulas padrão, fórmulas enriquecidas não parecem promover benefícios cognitivos em longo prazo.

Referência: Verfürden ML, Gilbert R, Lucas A, Jerrim J, Fewtrell M. Effect of nutritionally modified infant formula on academic performance: linkage of seven dormant randomised controlled trials to national education data. BMJ. 2021 Nov 10;375:e065805.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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