Conteúdo
O diabetes mellitus é uma condição de saúde crônica e progressiva, que pode gerar diversas complicações. Sabendo disso, a Associação Coreana de Diabetes (KDA) atualizou suas recomendações para triagem e monitoramento do diabetes, bem como o manejo de suas comorbidades associadas.
A seguir, confira as principais orientações deste novo material.
Quando está indicado o rastreamento da diabetes?
A KDA recomenda uma triagem anual em adultos a partir dos 35 anos. Além disso, adultos com idade ≥19 que se enquadram nos fatores de risco também devem ser rastreados anualmente.
Os fatores de risco para diabetes são:
- Excesso de peso ou obesidade (IMC ≥23 kg/m²)
- Obesidade abdominal (CC ≥90 cm em homens, ou ≥85 cm em mulheres)
- Pais ou irmãos com diabetes
- Histórico de pré-diabetes
- Histórico de diabetes gestacional ou parto de bebê com peso ≥4 kg
- Hipertensão (PA ≥140/90 mmHg ou sob medicação)
- Colesterol HDL <35 mg/dL ou triglicerídeos ≥250 mg/dL
- Síndrome de resistência à insulina (síndrome dos ovários policísticos, acantose nigricans, etc)
- Doenças cardiovasculares (AVC, doença arterial coronariana, etc)
- Medicamentos (glicocorticóides, antipsicóticos atípicos, etc)
Monitoramento e metas glicêmicas
Segundo os especialistas, a meta ideal de hemoglobina glicada (HbA1c) é <6,5% para pacientes com DM2 e <7,0% para aqueles com DM1, através de modificações no estilo de vida e agentes redutores de glicose.
Isso serve especialmente para pacientes recentemente diagnosticados, ou jovens sem complicações graves/hipoglicemia.
Entretanto, a meta glicêmica deve ser individualizada para cada caso; metas mais baixas são consideradas para pacientes com DM de longa duração, história de hipoglicemia grave, baixa expectativa de vida, idosos e/ou com complicações diabéticas avançadas.
Além do monitoramento da HbA1c e da glicemia, recomenda-se o monitoramento contínuo da glicose (CGM) para obter melhor controle glicêmico e reduzir o risco de hipoglicemia.
Diabetes: condições associadas
Diabetes e hipertensão
Os autores recomendam a medição frequente da pressão arterial em todas as consultas clínicas, e também à domicílio. Isso é válido principalmente para os pacientes que já cursam com hipertensão arterial.
Os níveis de PA recomendados são:
- Diabéticos sem DCV ou fatores de risco: <140/90 mmHg
- Diabéticos com DCV, fatores de risco ou danos em órgãos alvo (albuminúria, DRC, retinopatia, hipertrofia ventricular esquerda): <130/80 mmHg
Caso a PA alvo não seja atingida, recomenda-se a terapia farmacológica com qualquer classe de medicamento anti-hipertensivo. Se a PA exceder 160/100 mmHg, é indicada a terapia combinada com dois ou mais medicamentos, além de uma intervenção intensiva no estilo de vida.
Diabetes e perfil lipídico
Os profissionais de saúde devem monitorar o perfil lipídico no diagnóstico inicial de diabetes, e pelo menos uma vez por ano a partir de então.
O objetivo principal do manejo lipídico é controlar os níveis de LDL-C. As metas de LDL são as seguintes:
- Pacientes com DCV: LDL-C <55 mg/dL
- Pacientes com DM há mais de 10 anos, com fatores de risco e danos aos órgãos-alvo: LDL-C <70 mg/dL
- Pacientes com lesões em órgãos-alvo ou ≥3 fatores de risco para DCV: LDL-C <55 mg/dL
- Pacientes com DM há menos de 10 anos, sem fatores de risco para DCV: LDL-C <100 mg/dL
Caso as metas lipídicas não sejam alcançadas, indica-se a terapia farmacológica.
No tratamento de adultos com hipertrigliceridemia (níveis de triglicerídeos ≥150 mg/dL), prioriza-se as modificações no estilo de vida, como interrupção do consumo de álcool e perda de peso, além do controle glicêmico.
Já na hipertrigliceridemia grave (níveis de triglicerídeos ≥500 mg/dL), indica-se medicamentos ou ômega-3 para reduzir o risco de pancreatite aguda.
Doença renal diabética
Para avaliar as funções dos rins, os profissionais indicam a microalbumina na urina (UACR) e a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe), no momento do diagnóstico de DM, e pelo menos uma vez por ano.
A doença renal diabética é diagnosticada em casos de UACR ≥30 mg/g, ou TFGe <60 ml/min/1.73m². Para suprimir seu desenvolvimento, indica-se:
- Manter a glicemia e a pressão arterial em níveis ótimos;
- Consumo adequado de proteínas;
- Terapia com inibidores do SGLT2, que podem ser mantidos até o início da terapia de substituição renal.
Diabetes e DHGNA
A presença de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) deve ser rastreada em todos os adultos com DM2. Como rastreio primário, indica-se a alanina aminotransferase ou a ultrassonografia abdominal. Assim, caso haja confirmação de DHGNA, é necessário a avaliação de fibrose hepática.
Para tratar a DHGNA, a redução de peso em pelo menos 7% melhora a inflamação intra-hepática. Além disso, as tiazolidinedionas servem como terapia de primeira linha.
Em resumo
No diabetes, o monitoramento regular e a detecção precoce de complicações e comorbidades agudas ou crônicas são urgentemente necessários. Nestes parâmetros, esta nova diretriz coreana trouxe as principais recomendações a serem seguidas e propagadas por profissionais de saúde.
Para ler o guideline completo, clique aqui.
Se você gostou deste artigo, leia também:
- ADA: Padrões de Cuidados para Prevenção do Diabetes
- SBD – Terapia Nutricional do Pré-diabetes e Diabetes Mellitus tipo 2
- O nutricionista em intervenções de comportamento saudável: diabetes
E, se você se interesse pelo manejo do diabetes, conheça nosso curso EAD: “Prevenção e Tratamento Nutricional do Diabetes na Prática Clínica”.
Referência:
Choi JH, Lee KA, Moon JH, Chon S, Kim DJ, Kim HJ, Kim NH, Seo JA, Kim MK, Lim JH, Song Y, Yang YS, Kim JH, Lee YB, Noh J, Hur KY, Park JS, Rhee SY, Kim HJ, Kim HM, Ko JH, Kim NH, Kim CH, Ahn J, Oh TJ, Kim SK, Kim J, Han E, Jin SM, Choi WS, Moon MK. 2023 Clinical Practice Guidelines for Diabetes Mellitus of the Korean Diabetes Association. Diabetes Metab J. 2023 Sep;47(5):575-594. doi: 10.4093/dmj.2023.0282. Epub 2023 Sep 26. PMID: 37793979; PMCID: PMC10555541.