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Pacientes graves internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) muitas vezes cursam com disfunções orgânicas, que quando não solucionadas, podem contribuir para a disfunção de múltiplos órgãos e, consequentemente, a morte.
Nesses pacientes, é necessária uma terapia medicamentosa que auxilie na homeostase, como a utilização de drogas vasoativas (DVA), que ajudam a aumentar a pressão arterial a fim de adaptar a perfusão sanguínea de órgãos e tecidos.
Nesse cenário, a terapia nutricional enteral (TNE) pode melhorar os desfechos clínicos, reduzindo o número de infecções e o tempo de internação hospitalar. No entanto, o uso de DVA pode aumentar o risco de intolerâncias e outras complicações, como a isquemia intestinal não oclusiva.
Então, surge a dúvida na prática clínica: devemos ou não nutrir via enteral o paciente que está em uso de DVA? Para responder a esta pergunta, uma nova revisão sistemática foi realizada. Vamos conhecer seus resultados?
Em uso de drogas vasoativas, quando fornecer TNE?
Nesta recente revisão, o objetivo foi identificar as evidências atuais para orientar a prática clínica quanto à dose segura de vasopressor para o início da TN em pacientes internados em UTI.
Como principal achado, os autores concluíram em quais situações fornecer ou não fornecer a TNE. Veja a seguir:
- Fornecer TNE: em estabilidade hemodinâmica, pois a TN precoce pode trazer benefícios clínicos para pacientes em UTI.
- Não fornecer TNE: instabilidade ou doses crescentes de DVA.
Ainda não há um consenso determinado entre os intensivistas e especialistas sobre um ponto de corte ideal que possa dizer qual seria uma dosagem alta ou baixa de DVA. Portanto, isso deve ser avaliado de forma individual, conforme cada situação clínica.
Como fornecer a TNE de forma segura nestes pacientes?
Para instituir a terapia nutricional enteral com segurança nos pacientes que estão em uso de DVA, deve-se haver um monitoramento diário das seguintes condições clínicas:
- Avaliação de intolerância por resíduo gástrico aumentado;
- Aumento da pressão abdominal acima de 15mmHg (particularmente quando asociado a oliguria recente);
- Piora súbita do quadro hemodinâmico.
Mais estudos são necessários para indicar qual dosagem é tolerada sem causar malefícios aos pacientes que estão em uso de nutrição enteral e drogas vasoativas.
Referência:
Simo Es Covello LH, Gava-Brandolis MG, Castro MG, Dos Santos Netos MF, Manzanares W, Toledo DO. Vasopressors and Nutrition Therapy: Safe Dose for the Outset of Enteral Nutrition? Crit Care Res Pract. 2020 Feb 10;2020:1095693. doi: 10.1155/2020/1095693. PMID: 32104602; PMCID: PMC7035530.