Sono e sensibilidade à insulina: há relação?

Sono e sensibilidade à insulina: há relação?

O grande aumento do número de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) tem sido uma preocupação dos pesquisadores presentes na área da saúde. Uma das formas de prevenção dessas DCNT, como por exemplo, o diabetes, é ter um sono adequado, tanto em quantidade (horas de sono) como em qualidade (ausência de sintomas de insônia e outros distúrbios do sono).

A literatura evidencia que, durante a última década, o declínio da duração do sono ocorreu em paralelo ao aumento da prevalência de diabetes, pois a curta duração do sono, má qualidade do sono e desalinhamento circadiano têm sido considerados fatores de risco de estilo de vida para diabetes tipo 2, podendo até ser comparáveis ​​aos fatores de risco tradicionais, como excesso de peso, má alimentação e baixos níveis de atividade física.

Em função dessas alterações, uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados foram realizadas com o objetivo de investigar os efeitos da manipulação do sono em marcadores de sensibilidade à insulina. Foram incluídos 35 estudos que avaliaram intervenções na restrição do sono (26 estudos), supressão do sono de ondas lentas e distúrbios do sono com movimentos rápidos dos olhos (2 estudos), fragmentação do sono (2 estudos) e desalinhamento circadiano (5 estudos).

Como resultados, os autores do trabalho identificaram que a restrição do sono reduziu a sensibilidade à insulina, que foi avaliada pelo teste de tolerância oral à glicose ou glicose intravenosa e avaliação do modelo homeostático da resistência à insulina (HOMA-IR).

A sensibilidade à insulina de corpo inteiro também foi reduzida após um sono curto quando medida pelo clamp euglicêmico hiperinsulinêmico, mas a sensibilidade periférica à insulina não foi afetada. Além disso, o desalinhamento circadiano e a supressão do sono de ondas lentas afetaram negativamente a sensibilidade à insulina, enquanto o distúrbio do sono de movimento rápido dos olhos e a fragmentação do sono não tiveram efeito.

Dessa forma, os autores concluíram que função metabólica adequada depende da duração, qualidade e tempo do sono, e que negligenciar o sono pode ter efeitos prejudiciais na sensibilidade à insulina.

Por: Moises Pinheiro

Referência: Sondrup N, Termannsen AD, Eriksen JN, Hjorth MF, Færch K, Klingenberg L, Quist JS. Effects of sleep manipulation on markers of insulin sensitivity: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Sleep Med Rev. 2022 Apr;62:101594. doi: 10.1016/j.smrv.2022.101594. Epub 2022 Feb 1. PMID: 35189549 .

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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