O que é e como escolher um dinamômetro?

O que é e como escolher um dinamômetro?

dinamômetro
Fonte: Canva.com

A aferição da força máxima voluntária de preensão manual (dinamometria manual), consiste em um teste simples e objetivo utilizado para estimar a função do músculo esquelético.

A consistência interna das medidas de força em diferentes grupos musculares sustenta a sua utilização na caracterização do status funcional muscular geral. Este procedimento é realizado com um dinamômetro portátil, sendo rápido, econômico e pouco invasivo.

Na área da saúde, sobretudo no cuidado a pacientes idosos, o uso de dinamômetros desempenha um papel fundamental na avaliação da força muscular e no acompanhamento do progresso clínico. Pensando nisso, nesse artigo abordaremos o conceito de dinamômetros, orientações para selecionar o modelo mais adequado às necessidades específicas dos idosos, além de destacar os inúmeros benefícios dessa ferramenta essencial na avaliação nutricional na terceira idade.

O que é um dinamômetro?

Antes de mergulhar nas aplicações dos dinamômetros, é fundamental entender o conceito por trás desse dispositivo!

Um dinamômetro é um instrumento de medição projetado para avaliar a força muscular de um paciente, fornecendo informações precisas sobre a sua capacidade de realizar tarefas físicas básicas, sendo essencial na avaliação da saúde muscular, principalmente em idosos.

Benefícios do uso do dinamômetro:

  • Detecção precoce de fraqueza muscular: O envelhecimento frequentemente resulta na perda de massa e força muscular. O dinamômetro possibilita a identificação precoce da fraqueza muscular, contribuindo para a prevenção de quedas e lesões comuns entre idosos.
  • Monitoramento do progresso clínico: possibilita o acompanhamento do progresso clínico de pacientes idosos em programas de reabilitação ou treinamento de força, permitindo que os profissionais de saúde ajustem os planos alimentares/tratamento de forma precisa. 
  • Avaliação de riscos de complicações: a força muscular é um fator determinante na capacidade de um idoso para realizar atividades diárias (comer, levantar, se vestir, etc.). Avaliações regulares com dinamômetro podem ajudar a identificar pacientes em risco de complicações de saúde, permitindo uma intervenção imediata.

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Escolhendo um Dinamômetro

Selecionar o dinamômetro certo é fundamental para garantir que as avaliações de força muscular sejam precisas e confiáveis. Alguns fatores devem ser considerados:

Tipos 

Inúmeros instrumentos estão disponíveis para aferir medida de força. Os aparelhos utilizados podem ser classificados em quatro categorias:

  • Hidráulicos: são sistemas selados com medidas em quilogramas (ou libras). 
  • Pneumáticos: usam um mecanismo de compressão em uma bolsa de ar, geralmente utilizados em indivíduos que apresentam dor. Apresenta valores em milímetros de mercúrio ou libra/polegada.
  • Mecânicos: são instrumentos que medem a dinamometria manual em função da quantidade de tensão produzida em uma mola de aço. 
  • Strain gauges (ou células de carga): são aparelhos em que a força empreendida em uma célula de carga é captada eletronicamente, amplificada e transmitida para um monitor digital. 

Faixa de medição

É importante escolher um dinamômetro com uma faixa de medição que se adapte às necessidades dos pacientes idosos. A faixa deve ser suficientemente ampla para acomodar tanto os níveis de força mais baixos quanto os mais altos

Ergonomia e conforto

A ergonomia do dinamômetro é fundamental para garantir que o paciente idoso realize o teste de forma confortável e segura. Escolha um modelo com um design que minimize o desconforto durante a avaliação. 

Facilidade de uso e leitura dos resultados

Opte por um dinamômetro de fácil utilização, com resultados de leitura simples e claros. Isso facilita a coleta de dados e garante a precisão durante as avaliações.

Posição do indivíduo durante a aferição

Em testes de aferição de parâmetros biológicos, a padronização de protocolos é consensual para assegurar a confiabilidade e comparabilidade das medidas. 

Um protocolo abrange instruções e procedimentos que orientam a coleta de dados, e no contexto da dinamometria manual, a posição do indivíduo é um elemento crítico.

Alguns estudos adotam a posição padronizada preconizada pela American Society of Hand Therapists (ASHT), originalmente desenvolvida para o modelo hidráulico. Essa posição é descrita como segue:

“[…] sentado em uma cadeira com encosto reto e sem suporte para os braços, ombro aduzido e neutralmente rodado, cotovelo flexionado a 90º, antebraço em posição neutra e punho entre 0º e 30º de extensão e 0º e 15º de desvio ulnar.”

No entanto, em alguns estudos, observam-se pequenas variações nessa posição padronizada. 

Utilização da dinamometria manual na nutrição clínica

Atualmente, diversas ferramentas e métodos estão disponíveis para avaliar o estado nutricional clínico, mas a sensibilidade e especificidade limitada de alguns deles restringe sua utilidade para determinados pacientes. 

Ao longo de décadas, a avaliação nutricional com base na antropometria, que engloba aspectos como a massa corporal adequada, a circunferência muscular do braço e as dobras cutâneas, tem sido a abordagem mais amplamente empregada.

A perda de função é um marcador de desnutrição, em especial a redução da massa corporal magra. A recuperação funcional pode ocorrer em poucos dias com o início do suporte nutricional, ao contrário da recuperação da massa corporal magra, que pode ser mais demorada. Portanto, os testes funcionais podem ser os indicadores mais sensíveis e relevantes para mudanças no estado nutricional a curto prazo e na resposta ao suporte nutricional.

Nesse contexto, a dinamometria manual emerge como um dos testes funcionais mais sensíveis para detectar a depleção proteica e tem sido amplamente utilizada como um indicador funcional de desnutrição em indivíduos que necessitam de cuidados nutricionais, especialmente na população idosa.

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Referências:

Schlüssel, M. M.; Anjos, L. A.; Kac, G.. A dinamometria manual e seu uso na avaliação nutricional. Revista de Nutrição, v. 21, n. 2, p. 233–235, 2008.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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