Conteúdo
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em virtude da atual transição demográfica em nosso país, que se caracteriza pelo envelhecimento da população, faz-se necessário novas políticas e ações destinadas a se ajustar a essa nova realidade.
Enquanto em muitas partes do mundo o envelhecimento é um processo gradual, no Brasil ele ocorre de forma acelerada, demandando adaptações na comunidade e, especialmente, nos serviços de saúde.
Nesse contexto, a atenção à saúde da pessoa idosa engloba ações individuais e coletivas destinadas preservar a saúde, prevenir doenças, realizar diagnósticos, oferecer tratamentos, reabilitar, minimizar danos e manter a qualidade de vida, promovendo um envelhecimento ativo e saudável, preservando a capacidade funcional e a autonomia do indivíduo.
É fundamental que os profissionais que atendem pessoas idosas compreendam que cuidar de um idoso difere significativamente do cuidado prestado a um adulto jovem. Eles devem possuir conhecimento das características específicas do envelhecimento, ser capazes de identificar sinais de perigo e intervir adequadamente.
Para garantir a excelência na assistência, é essencial a criação de protocolos de atendimento que considerem as especificidades dessa população.
Compreendendo as peculiaridades do paciente idoso
Idosos frequentemente enfrentam desafios, portanto, qualquer protocolo para essa população deve ser sensível a fatores como:
- Diminuição da função física
- Alterações na composição corporal
- Fragilidade
- E comorbidades crônicas.
Estruturação de um Protocolo de Avaliação
Avaliando o Idoso
O primeiro passo na criação de um protocolo de atendimento ao paciente idoso é realizar uma avaliação abrangente de suas condições físicas e psicológicas. Isso inclui a análise:
- Do histórico clínico
- Medicamentos em uso
- Avaliação da mobilidade
- Estado nutricional
- Necessidades sociais
Preparando-se para o Atendimento: Ferramentas de Avaliação
A equipe de saúde deve estar devidamente capacitada e sensibilizada para atender aos idosos com respeito e empatia. A comunicação eficaz e a compreensão das preocupações e expectativas dos pacientes são fundamentais nesse processo.
Para os protocolos de atendimento ao idoso, além das ferramentas básicas de avaliação como IMC, avaliação antropométrica, avaliação bioquímica e registro alimentar, alguns métodos mais específicos (tabelas e/ou escalas), normalmente separados de acordo com o objetivo da avaliação, devem ser incorporados para facilitar o diagnóstico e rastreamento de doenças.
Essas ferramentas possibilitam a avaliação da fragilidade, estado nutricional, estado funcional, visão, equilíbrio e marcha e estado mental. Dentre eles podemos destacar:
- Mini Avaliação Nutricional (MAN): ferramenta amplamente utilizada para avaliar o estado nutricional de idosos. Ele considera parâmetros como perda de peso, ingestão alimentar, mobilidade, estresse psicológico e doenças agudas ou crônicas. Com base nas respostas a um questionário, os pacientes são classificados em categorias que indicam se estão em risco de desnutrição.
- Avaliação Funcional (Escala de Barthel ou Escala de Katz): específica para avaliar a capacidade funcional do idoso em atividades diárias (comer, se vestir, tomar banho, controle da bexiga).
- Escala de Depressão Geriátrica (GDS): a depressão pode afetar o apetite e o interesse pela alimentação. A GDS é uma ferramenta de rastreamento que pode ser usada para identificar sintomas depressivos em idosos, que podem influenciar a nutrição.
- Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) e Prisma 7: métodos para avaliação de fragilidade.
- Escala de Lachs: utilizado para rastrear indicadores de perda de capacidade funcional. O instrumento é composto por 11 itens, diferenciados em perguntas, medidas antropométricas e teste de desempenho.
- Escala de Lawton: avalia o desempenho em atividades instrumentais de vida diária (capacidade para atender ao telefone, fazer compras, preparar refeições, realizar tarefas domésticas, locomoção, uso de medicamentos).
- Escala de Tineti ou POMA: avaliam o equilíbrio e a marcha, sendo amplamente utilizada para detectar riscos de quedas em idosos.
- Escala Visual ou cartão de Jaeguer: avalia possíveis disfunções visuais.
- Teste de Folstein: avalia a função cognitiva (incluindo orientação temporal e espacial, memória, atenção, cálculo, praxia e linguagem).
A escolha das ferramentas deve ser baseada na situação clínica e nas necessidades individuais do paciente idoso, obtendo uma visão abrangente de seu estado de saúde e nutrição. A aplicação deve ser realizada por profissionais de saúde qualificados, com interpretação personalizada dos resultados.
O Ganep tem o curso perfeito para você se atualizar na Nutrição do Idoso! Saiba mais:
Abordagens em Condições Específicas
- Sarcopenia: identificação através da avaliação da força muscular, função física e composição corporal, permitindo intervenções específicas (exercícios de resistência e suplementação de proteínas, por exemplo).
Clique aqui e conheça o nosso curso Diagnóstico e Conduta Nutricional na Sarcopenia.
- Consumo Alimentar: registro alimentar, avaliação antropométrica e análise bioquímica podem fornecer informações valiosas para ajustar a dieta conforme necessidades individuais, garantindo a adequação nutricional.
- Fragilidade e qualidade de vida: a fragilidade é um problema comum entre os idosos e está associada a um maior risco de quedas e hospitalizações. A avaliação permite desenvolver estratégias de cuidado personalizado, melhorando a funcionalidade e bem-estar.
- Obesidade: avaliação deve ser especializada, considerando comorbidades relacionadas (diabetes, doenças cardiovasculares). O estabelecimento de metas realistas de perda de peso e a promoção de mudanças no estilo de vida são essenciais nesse contexto.
Estabelecendo Metas Nutricionais
Ao concluir a avaliação, é fundamental definir metas nutricionais claras e alcançáveis para o paciente idoso, levando em conta suas necessidades, objetivos de saúde e preferências alimentares. O acompanhamento contínuo e ajustes quando necessário são parte integral do protocolo de atendimento.
De uma forma geral, elaborar protocolos de atendimento personalizados para pacientes idosos é essencial para garantir que recebam a assistência que merecem!
Ao considerar suas condições, preparar a equipe, utilizar ferramentas de avaliação adequadas e abordar condições específicas, é possível melhorar a qualidade de vida e bem-estar dos idosos, promovendo resultados muito positivos e duradouros.
Se você gostou desse conteúdo, leia também:
- Nutrição no envelhecimento
- Probióticos previnem a atrofia cerebral em idosos?
- Nutricionista: Quais são as áreas de atuação?
Referências:
SAÚDE DF. Protocolo de Atenção à Saúde do Idoso. Distrito Federal, Equipe Técnica do NUSI (Núcleo de Saúde do Idoso), 2014.
VERAS, Renato Peixoto. Guia dos Instrumentos de Avaliação Geriátrica. Rio de Janeiro: Unati/UERJ, 2019.