O departamento de Nutrição da ABESO publicou um posicionamento sobre o tratamento nutricional de sobrepeso e obesidade. Criado para difundir informações baseadas em evidências, o posicionamento é voltado para orientação de profissionais da saúde que tratam indivíduos com sobrepeso e obesidade.
O documento aborda diversos aspectos do tratamento nutricional, incluindo a avaliação e parâmetros relacionados à dieta como: densidade energética, frequência alimentar, controle de porções/horário e alimentação. Também são discutidos substitutos de refeições, café da manhã e alimentos como fast food, bebidas adoçadas, frutas, verduras e legumes, além de intervenções nutricionais como dietas de baixa caloria, dietas de muito baixa caloria, dieta vegetariana e plant based, dieta low carb, dieta cetogênica e dieta de baixo índice glicêmico. Capítulos destinados a suplementos, comportamento, cirurgia e reganho de peso também trazem discussões direcionadas para a obesidade.
De acordo com o posicionamento, a dieta cetogênica não deve ser recomendada para o tratamento nutricional da obesidade, por ser uma dieta muito radical, induzir diminuição de massa magra, não promover alimentação balanceada, com equilíbrio entre os macro e micronutrientes e não favorecer aderência a hábitos alimentares saudáveis.
A dieta low carb pode promover redução de peso e parece ser segura em curto prazo (3-6 meses). Contudo, essa abordagem pode limitar opções de alimentos, levar a monotonia e simplicidade da dieta. O efeito mais potente da proteína na saciedade parece positivo nesta modalidade de intervenção, mas é enfatizado que a dieta low carb não induz maior perda de peso em relação a outros tipos de dieta em estudos de longa duração.
A dieta vegetariana ou baseada em vegetais com redução da ingestão de alimentos ultraprocessados e aumento da ingestão de alimentos naturais pode ser uma opção de tratamento, desde que tenha acompanhamento nutricional especializado e seja compatível com as motivações do indivíduo.
Dietas de muito baixa caloria podem ser utilizadas em algumas situações clínicas que necessitam de perda de peso rápida (como colocação de prótese articular, tratamento de fertilização e antes da cirurgia bariátrica para reduzir riscos cirúrgicos), mas não são recomendadas como rotina no tratamento da obesidade. Desta maneira, este tipo de dieta não deve ser a primeira opção para tratamento da obesidade e deve ser indicada de forma pontual, com acompanhamento de especialistas.
Fontes alternativas de proteínas e carboidratos são discutidas no posicionamento. Considera-se que o uso de whey protein pode trazer efeitos metabólicos favoráveis como aumento da liberação de hormônios (GLP-1), leptina e colecistoquinina, além da redução da grelina e alterações relacionadas à saciedade. Assim, o whey protein pode ser recomendado para adequar o aporte proteico, mas não é obrigatório no contexto de perda de peso. Em relação ao óleo de coco, não há evidências dos seus benefícios para perda de peso. O consumo de ácidos graxos saturados deve ser < 7% do valor calórico total, e a gordura de coco apresenta maior percentual de ácidos graxos saturados dentre todas as gorduras vegetal e animal (92%). O óleo de canola ou de soja são mais indicados como fonte de ácidos graxos insaturados.
Confira o posicionamento completo da ABESO, clicando aqui.