A nova diretriz da BRASPEN aborda as principais condições neurológicas agudas e crônicas que cursam frequentemente com disfagia e desnutrição, incluindo acidente vascular cerebral (AVC) e trauma cranioencefálico (TCE).
No paciente em fase aguda de AVC, a recomendação nutricional inclui oferta energética inicial de 15 a 20 kcal/kg/dia, e progressão para 25 a 30 kcal/kg/dia, após o quarto dia, nos pacientes em recuperação. Caso haja disponibilidade de calorimetria indireta (CI), deve se ofertar entre 50 e 70% do gasto energético aferido na fase inicial. Quanto à oferta proteica, recomenda-se 1,5 a 2,0 g/kg/dia.
Após o evento de AVC, os pacientes devem ser examinados, preferencialmente, antes de qualquer ingestão oral. A videofluoroscopia da deglutição ou a videoendoscopia/nasofibroscopia da deglutição devem ser realizadas em todos os pacientes considerados de alto risco para disfagia orofaríngea ou de alto risco de broncoaspiração, com base nos resultados da avaliação de deglutição, para orientar o gerenciamento da disfagia.
Pacientes pós AVC com disfagia, podem receber dietas com textura adaptada e líquidos espessados para reduzir a incidência de pneumonia aspirativa. A avaliação de disfagia deve ser repetida regularmente, até que a funcionalidade de deglutição seja recuperada. Nesses casos, também deve haver avaliação nutricional periódica.
Pacientes gravemente enfermos, com diminuição do nível de consciência e que precisem de ventilação mecânica após AVC, devem receber alimentação enteral precoce (iniciada entre 24 e 72 horas) por sonda nasoenteral. Se a terapia nutricional enteral (TNE) for necessária por um período mais longo (> 28 dias), a gastrostomia endoscópica percutânea deve ser recomendada.
Para pacientes críticos com TCE, a TNE deve ser realizada assim que haja ressuscitação hemodinâmica, preferencialmente dentro de 24 a 48h de internação. Durante o período de 1-4 dias, deve ser realizada CI e ofertado por volta de 70% do valor aferido, ou 15-20 kcal/kg. Esses pacientes devem ser reavaliados regularmente, pois o hipercatabolismo provocado pelo TCE demanda reajuste do plano nutricional para ofertas calóricas, que podem alcançar 40 kcal/kg/dia, ao longo da fase de recuperação. A oferta proteica deve ser entre 1,5-2,5 g de proteína/kg/dia. O uso de fórmulas enriquecidas com glutamina pode ser avaliado nos primeiros 5 dias, com dosagem sugerida entre 0,2-0,3 g/kg de proteína/dia, durante 10 a 15 dias.
No TCE, a nutrição parenteral suplementar deve ser avaliada entre o 4º e o 8º dias, principalmente em pacientes em risco nutricional, quando não se atingir ao menos 60% das necessidades nutricionais. O uso de propofol como agente oxidativo deve ser avaliado diariamente, pois contém calorias não nutricionais que podem impactar na quantidade total de calorias recebidas.
Outros aspectos da terapia nutricional oral e enteral são abordados em condições como esclerose lateral amiotrófica, doença de Parkinson e esclerose múltipla.
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