Canceres bucais são o 16º tipo mais comum de câncer no mundo, sendo mais comum em homens do que em mulheres. São fatores de risco para carcinogênese oral: tabagismo, consumo de álcool e infecções microbianas, como o vírus do papiloma humano e Candida albicans.
Uma hipótese para proteção oral seria equilibrar o microbioma oral, pois uma disbiose estaria associada a algumas doenças orais, uma vez que a inflamação crônica está associada ao desenvolvimento do câncer.
Um recente estudo de revisão publicado por grupo de pesquisadores asiáticos relacionou os mecanismos envolvidos no uso de probióticos, prebióticos, simbióticos e pós-bióticos na prevenção de câncer oral.
Os probióticos estão relacionados a vários benefícios ao hospedeiro. Segundo a OMS, probióticos são “micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas conferem um benefício à saúde do hospedeiro”. Um dos fatores que podem beneficiar o hospedeiro são os mecanismos de competição com as bactérias cariogênicas que formam um biofilme e inibem o crescimento de patógenos orais associados à periodontite, por exemplo.
Alguns marcadores tumorais são marcadores biológicos produzidos pelo próprio tumor, portanto, a presença de bactérias em uma lesão pré-cancerosa ou microambiente tumoral também podem contribuir como diagnóstico ou prognóstico tumoral.
Os prebióticos que, são substâncias presentes nos alimentos, principalmente oligossacarídeos, podem estimular o crescimento de bactérias benéficas ou fungos e assim, melhorar a imunidade.
Os simbióticos combinam probióticos e prebióticos e também tem associação com melhora no sistema digestório, incluindo a cavidade oral.
Já os pós-bióticos são considerados como uma “preparação de micro-organismos inanimados e seus componentes conferem um benefício à saúde do hospedeiro”. Pós-bióticos secretados por Lactobacilli spp, por exemplo, são conhecidos por ter um efeito bacteriostático chamado bacteriocina. Os agentes anticancerígenos presentes nos pós-bióticos podem até ser uma alternativa à quimioterapia convencional, sem os efeitos colaterais ligados a esta terapia.
De modo geral os autores desta revisão citam que para o tratamento do câncer, probióticos, prebióticos, simbióticos e pós-bióticos podem ser adjuvantes no tratamento e ajudar a reduzir os efeitos colaterais causados pelas modalidades de tratamento. No entanto, ressalta que mais estudos são necessários para explorar a eficácia destes suplementos.
Por: Lenycia Neri
Referência
Suda K, Matsuda K. How Microbes Affect Depression: Underlying Mechanisms via the Gut-Brain Axis and the Modulating Role of Probiotics. Int J Mol Sci. 2022 Jan 21;23(3):1172. doi: 10.3390/ijms23031172. PMID: 35163104; PMCID: PMC8835211.
