Doenças hepáticas em pacientes obesos candidatos à bariátrica

Doenças hepáticas em pacientes obesos candidatos à bariátrica

Obesidade é um grave problema de saúde pública mundial. Sua incidência está altamente associada a doenças hepáticas gordurosas não alcoólicas (DHGNA) como a esteatose simples (ES) e a esteatose hepática não alcoólica (NASH). Assim, doenças hepáticas em pacientes obesos costumam ter uma alta prevalência.

Nesse sentido, a literatura reporta que a incidência da DHGNA pode atingir entre 75 a 100% dos obesos candidatos a bariátrica. Destes, em torno de 24 a 98% representam casos com NASH.

No entanto, não está claro se essa porcentagem é registrada no período anterior ou posterior ao consumo de dieta restrita de muito baixa caloria (DMBC), prescrita por período de 1 semana anterior ao procedimento de cirurgia bariátrica.

Alguns hospitais instituem esse protocolo dietético com o objetivo de reduzir a quantidade de gordura depositada no fígado e diminuir complicações pós-operatórias pela técnica bariátrica por Y de Roux.

 

Nova pesquisa avalia incidência de doenças hepáticas em pacientes obesos

Recentemente, pesquisadores canadenses estudaram a incidência de doenças hepáticas em pacientes obesos candidatos a cirurgia bariátrica que realizaram o protocolo de restrição dietética, bem como seus marcadores bioquímicos metabólicos.

Os autores conduzirem este ensaio de coorte transversal prospectivo em 139 pacientes, 73% do sexo feminino com idade média de 44 anos.

Todos pacientes consumiram DMBC (900 calorias e 88g de proteínas por dia) por período de 1 semana antes da cirurgia.

Durante o procedimento cirúrgico, os estudiosos coletaram biópsias do fígado para o realizar o diagnóstico de doenças hepáticas. Além disso, eles avaliaram os pacientes pela história clínica, exames laboratoriais, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura e pressão arterial.

 

Resultados

Resultados das biópsias mostraram que 76% dos pacientes foram diagnosticados com DHGNA, sendo 62% com esteatose simples (ES) e 14% com NASH. Em contrapartida, cerca de 24% dos pacientes operados apresentaram fígado normal sem alterações.

Em pacientes com DHGNA, além da alteração em enzimas hepáticas alanina transaminase (ALT) e aspartato transaminase (AST), houve também maior resistência à insulina e diabetes tipo 2 quando comparado com obesos que apresentavam fígado normal sem alterações (p <0,05).

A prática da restrição dietética por DMBC, nos grupos com ou sem doenças hepáticas, resultou na redução significativa do IMC, glicose de jejum, insulina, hemoglobina glicada (HbA1c), colesterol total e frações (HDL, LDL).

 

Conclusão

Em suma, os autores do estudo concluíram que a prevalência de DHGNA foi menor que o descrito na literatura. Parte disso pode ser resultado do protocolo dietético adotado antes da intervenção cirúrgica.

Embora haja semelhança entre os grupos, eles encontraram diferenças na histologia do fígado após DMBC tanto nos indivíduos que tinham o fígado sem alterações quanto para obesos com doenças hepáticas.

Ademais, pesquisadores acreditam que outros fatores influenciam essa resposta, como predisposição genética, diabetes e perfil do microbioma intestinal.

Estudos futuros são necessários para investigar o efeito da DMBC a longo prazo, como uma potencial opção terapêutica para DHGNA.

Clique aqui para ler o estudo completo.

 

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Referência

Schwenger  KJP et al. Non-alcoholic Fatty Liver Disease in Morbidly Obese Individuals Undergoing Bariatric Surgery: Prevalence and Effect of the Pre-Bariatric Very Low Calorie Diet. Obes Surg. 2018 Apr;28(4):1109-1116.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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