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A imunonutrição é uma abordagem nutricional que visa modular o sistema imunológico, através do fornecimento de nutrientes específicos. Essa estratégia é especialmente benéfica nas situações em que a imunidade está comprometida, tal como em pacientes oncológicos.
Particularmente em casos de câncer gastrointestinal, a ressecção cirúrgica é o principal tratamento. Entretanto, a operação acaba por promover a desnutrição, prejudicando ainda mais o sistema imune.
Recentemente, uma revisão científica buscou esclarecer a eficácia da imunonutrição perioperatória em pacientes com câncer gastrointestinal superior submetidos à cirurgia. Será que esta prática é realmente benéfica, ou não
Metodologia: mais de 2 mil pacientes oncológicos
Nesta nova revisão sistemática da literatura, os autores incluíram 23 ensaios clínicos randomizados, com o total de 2.249 pacientes com câncer gastrointestinal.
A intervenção foi definida como terapia imunonutricional perioperatória, administrada no pré-operatório e/ou pós-operatório. Os nutrientes inclusos foram a arginina, o ômega-3 ou a glutamina.
Por outro lado, o controle foi definido como terapia nutricional padrão oral ou intravenosa sem imunonutrição. Os grupos intervenção e controle receberam a mesma quantidade de nutrição.
Por fim, o desfecho primário foi o total de complicações pós-operatórias e infecciosas. Já os desfechos secundários foram:
- Complicações graves
- Fístula anastomótica
- Pneumonia pós-operatória
- Mortalidade pós-operatória
- Eventos adversos de intervenção nutricional
- Hospitalização pós-operatória
A imunonutrição foi eficaz no pós-operatório
Após a análise das 23 pesquisas, os cientistas tiveram achados promissores. Em comparação à terapia padrão, a imunonutrição:
- Reduziu as complicações infecciosas (em ~30%), a fístula anastomótica e a internação hospitalar pós-operatória;
- Não aumentou os eventos adversos relacionados à intervenção nutricional;
- Porém, não reduziu o total de complicações pós-operatórias, complicações graves, pneumonia pós-operatória e mortalidade.
Em análises de subgrupos, a imunonutrição pós-operatória foi mais eficaz do que a imunonutrição pré-operatória, pois diminuiu o total de complicações pós-operatórias e a permanência hospitalar.
Em resumo, a revisão mostrou que a intervenção nutricional com imunomoduladores pode reduzir as complicações pós-operatórias, principalmente as infecciosas, sem aumentar os eventos adversos relacionados à nutrição.
Por que a imunonutrição beneficiou os resultados pós-operatórios?
Os mecanismos para isso incluem a melhoria do estado nutricional e a resistência à infecção através da modulação da função imunológica.
Segundo os autores, altos níveis de inflamação pós-operatória de cirurgia invasiva causam imunodeficiência, enquanto a imunonutrição tem o efeito oposto de supressão da inflamação.
O que podemos concluir?
O uso de imunomoduladores (como arginina, ômega-3 e glutamina) no perioperatório de pacientes com câncer gastrointestinal pode reduzir as complicações infecciosas pós-operatórias, dentre outros benefícios.
Para os estudiosos, mais estudos com diferentes desenhos são necessários. Por ora, a imunonutrição se mostra uma estratégia promissora em pacientes oncológicos.
Para ler o artigo científico completo, clique aqui.
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Referência:
Matsui R, Sagawa M, Inaki N, Fukunaga T, Nunobe S. Impact of Perioperative Immunonutrition on Postoperative Outcomes in Patients with Upper Gastrointestinal Cancer: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Nutrients. 2024 Feb 20;16(5):577. doi: 10.3390/nu16050577. PMID: 38474706; PMCID: PMC10933766.