O desenvolvimento fetal e as complicações da gravidez são diretamente influenciados pelo padrão de alimentação. Fatores de risco para morbimortalidade infantil, como prematuridade, baixo peso ao nascer e tamanho inadequado para idade gestacional podem estar associados a nutrição inadequada ou a alterações metabólicas que prejudicam o crescimento fetal e a manutenção da saúde materna.
Um estudo prospectivo avaliou a associação da diversidade e qualidade da dieta materna durante a gravidez com os resultados do parto em 7.553 mulheres entre 12 e 27 semanas de gestação. As participantes do estudo faziam parte de um programa de multivitamínicos em Dar es Salaam na Tanzânia. Todas as participantes receberam suplementação convencional com ferro e ácido fólico, e parte delas recebeu suplementação de vitaminas B-1 (tiamina), B-2 (riboflavina), B-6, niacina, B-12, C e E até 6 semanas pós-parto.
A ingestão alimentar foi avaliada por recordatório alimentar de 24 horas, a diversidade da dieta foi calculada pelo índice de Diversidade Dietética Mínima para Mulheres da FAO e o escore da qualidade da dieta foi avaliado a partir do consumo de grupos de alimentos. Para associação das variáveis estudadas, foram aplicados os métodos estatísticos de regressão. Identificou-se que a qualidade da dieta foi inversamente associada com o nascimento prematuro, baixo peso ao nascer e perda fetal. Os escores de diversidade alimentar foram inversamente associados com a ocorrência de bebês pequenos para idade gestacional. Esses achados sugerem que, além da diversidade alimentar, a qualidade da dieta deve ser considerada importante para a compreensão dos fatores de risco dietéticos para desfechos clínicos negativos no parto.
Os autores reforçam que a baixa diversidade e qualidade de uma dieta são fatores modificáveis e que devem ser trabalhados para redução de riscos para complicações do parto tanto para mãe quanto para o bebê. Para melhorar os resultados de saúde materna e infantil, se fazem necessários mais estudos em países de baixa e média renda, bem como ensaios de intervenção para avaliar se o aumento da diversidade e da qualidade da dieta pode beneficiar a saúde materna e infantil