Leptina e esteatose hepática não alcoólica (DHGNA): qual a relação?

Leptina e esteatose hepática não alcoólica (DHGNA): qual a relação?

A leptina é um hormônio produzido pelas células adiposas, sendo que alterações no seu metabolismo se associam a distúrbios metabólicos.

Nesse sentido, evidências recentes sugerem que níveis elevados de leptina poderiam predispor à doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), através do aumento na produção de ácidos graxos nos hepatócitos. Entretanto, seu papel na patogênese da doença não está totalmente compreendido.

Para investigar a relação entre leptina e a DHGNA, pesquisadores conduziram um novo estudo de base populacional. Confira os detalhes a seguir.

Metodologia da pesquisa

Com o objetivo de investigar a associação entre o nível sérico de leptina e gravidade da DHGNA, Rotundo L e col. utilizaram os dados da Terceira Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos.

A DHGNA foi definida pela detecção de ultrassonografia, e a gravidade da fibrose hepática foi determinada pelo escore de fibrose (NFS).

Os pesquisadores utilizaram análises estatísticas de regressão linear para avaliar a associação entre o nível de leptina e o grau de DHGNA. Além disso, análises de subgrupo foram avaliadas conforme o Índice de Massa Corpórea (IMC > ou < 25Kg/m²).

Maiores níveis de leptina conforme DHGNA avança

Dos 4.571 participantes, 1.610 (35%) tinham DHGNA. Destes, 621 apresentavam esteatose leve, 664 com estatose moderada e 325 com esteatose grave.

Em seguida, os autores encontraram 885 pessoas com baixo NFS (<-1.455, nenhuma fibrose significativa), 596 com NFS intermediário, e 129 com NFS alto (> 0,676, fibrose avançada).

Os níveis de leptina para esteatose normal, leve, moderada e grave foram de 10,7 ng/mL, 12,1 ng/mL, 15,6 ng/mL, 16 ng/mL, respectivamente (tendência do valor de P <0,001). Em outras palavras, os níveis de leptina aumentaram conforme o avanço da gravidade da esteatose.

Os níveis de leptina para baixo, intermediário e alto NFS foram de 11,8 ng/mL, 15,6 ng/mL, 28,5 ng /mL, respectivamente (tendência P-valor <0,001). Novamente, os níveis do hormônio cresceram de acordo com a gravidade da fibrose hepática.

Essa associação permaneceu significativa mesmo após o ajuste para fatores de riscos demográficos e metabólicos. Contudo, na análise de subgrupo, essa associação foi significativa apenas na DHGNA clássica (IMC >25Kg/m²), mas não na DHGNA magra (IMC <25Kg/m²).

Conclusão

Em resumo, os autores concluíram que o nível sérico de leptina está associado à gravidade da DHGNA, especialmente em pacientes com esteatose hepática clássica, com alto IMC.

Para ler a pesquisa completa, clique aqui

 

Se você gostou deste artigo, leia também:

 

Cursos que podem te interessar:

 

Referência:

Rotundo L, Persaud A, Feurdean M, Ahlawat S, Kim HS. The Association of leptin with severity of non-alcoholic fatty liver disease: A population-based study. Clin Mol Hepatol. 2018 Dec;24(4):392-401. doi: 10.3350/cmh.2018.0011. Epub 2018 Aug 2. PMID: 30068065; PMCID: PMC6313023.
Pós-graduação de Nutrição Clínica

Compartilhe este post