A leptina é um hormônio produzido pelas células adiposas e alterações no seu metabolismo se associam a distúrbios metabólicos. Evidências recentes sugerem que níveis elevados de leptina podem predispor DHGNA através da produção aumentada ácidos graxos em hepatócitos, porém seu papel na patogênese da doença não está totalmente compreendido. Com o objetivo de investigar a associação entre o nível sérico de leptina e gravidade da DHGNA, Rotundo L e col. utilizaram os dados da Terceira Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos.
A DHGNA foi definida pela detecção de ultrassonografia e a gravidade da fibrose hepática foi determinada pelo escore de fibrose (NFS). Foram utilizadas análises estatísticas de regressão linear para avaliar a associação entre o nível de leptina e o grau de DHGNA. Análises de subgrupo foram avaliados conforme o Índice de Massa Corpórea (IMC > ou < 25Kg/m²).
Das 4.571 pessoas, 1.610 (35%) tinham DHGNA. Por achados ultrassonográficos, foi encontrado 621 pessoas com esteatose leve, 664 com moderada e 325 com esteatose grave. Havia 885 pessoas com baixo NFS (<-1.455, nenhuma fibrose significativa), 596 com NFS intermediário, e 129 com NFS alto (> 0,676, fibrose avançada). Os níveis de leptina para esteatose normal, leve, moderada e grave foram de 10,7 ng/mL, 12,1 ng/mL, 15,6 ng/mL, 16 ng/mL, respectivamente (tendência do valor de P <0,001). Os níveis de leptina para baixo, intermediário e alto NFS foram de 11,8 ng/mL, 15,6 ng/mL, 28,5 ng /mL, respectivamente (tendência P-valor <0,001). Essa associação permaneceu significativa mesmo após o ajuste para fatores de riscos demográficos e metabólicos. Na análise de subgrupo, essa associação foi apenas significativa na DHGNA clássica (IMC >25Kg/m²), mas não na DHGNA magra (IMC <25Kg/m²).
Os autores concluíram que o nível sérico de leptina está associado à gravidade da DHGNA, especialmente em pacientes com esteatose hepática clássica com alto IMC.