Colesterol é um nutriente comum da dieta contemporânea; e os ovos constituem uma fonte dietética importante desse nutriente. Apesar de décadas de pesquisa, a relação entre o consumo de colesterol dietético e doenças cardiovasculares (DCV) permanece controverso.
Em estudo recente, pesquisadores americanos analisaram a associação entre consumo alimentar de colesterol e ovos na incidência de DCV e mortalidade. Essa pesquisa faz parte do projeto “Lifetime Risk Pooling”, que analisou dados dietéticos autoreferidos de 29.615 participantes durante o período de 17 anos.
A idade média dos participantes foi de 51,6 anos. Em torno de 31% eram negros e 44,9% eram do sexo masculino. O consumo médio de colesterol foi de 241 mg por dia (IQR, 164-350). O consumo médio total de ovos foi de 0,14 por dia (IQR, 0,07 – 0,43) a média geral foi de 0,34. Durante o tempo de acompanhamento do estudo, foram relatados 5.400 casos de DCV e 6.132 mortes por todos os tipos de causas.
A associação entre o consumo de colesterol dietético e ovos não foi significativamente relacionada com a incidência de DCV e mortalidade (p > 1). Contudo, na subpopulação em que o consumo alimentar excedeu 300 mg de colesterol ao dia houve associação com maior incidência de DCV (razão de risco ajustado – RR 1,17 [IC 95%]; razão de risco absoluto ajustada RRA 3,24% [IC 95%] e mortalidade (RR 1,18 e RRA 4,43% [IC 95%]. Além disso, foi também observado que cada metade excedente de ovo consumido ao dia foi significativamente associado a maior risco de incidência de DCV (RR 1,06 [IC 95%]; RRA 1,11% [IC 95%]) e mortalidade (RR 1,08 [IC 95%] e RRA 1,93% [IC 95%].
Os autores da pesquisa concluíram que o consumo excedente de colesterol ou ovos na dieta de adultos americanos foi dose-dependente do risco de incidência de DCV e mortalidade. Sugere-se que o colesterol da gema de ovo pode ser prejudicial no contexto da alimentação americana, na qual a incidência de sobrepeso e obesidade são mais comuns do que desnutrição e baixo peso. A generalização desses achados para populações não americanas requer cautela devido a diferentes ambientes nutricionais e epidemiológicos de doenças crônicas.