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A é uma síndrome clínica relacionada à idade, em que ocorre a diminuição da resiliência a estressores internos e externos. A prevalência de fragilidade em idosos (≥65 anos) é estimada em 4 a 59%, e se associa a uma ampla gama de resultados adversos, incluindo fraturas, hospitalização, incapacidade, quedas e morte.
A alimentação é um fator de estilo de vida crucial para a prevenção da fragilidade. Nesse sentido, a dieta plant-based tem recebido cada vez mais atenção por seus benefícios à saúde. Esse padrão alimentar enfatiza o consumo de alimentos vegetais, ao mesmo tempo que limita a ingestão de produtos de origem animal.
Uma pesquisa científica buscou examinar a relação entre seguir uma dieta plant-based, e o desenvolvimento da fragilidade em adultos chineses mais velhos. Confira detalhes a seguir.
Quase 4 mil idosos participaram da pesquisa
A Pesquisa Longitudinal de Longevidade Saudável Chinesa (CLHLS) é um estudo de coorte prospectivo em andamento que investiga os determinantes da saúde e longevidade de idosos chineses.
Em resumo, a CLHLS é uma pesquisa nacional que abrange 22 das 31 províncias da China, e representa aproximadamente 85% da população do país. Dados longitudinais de 2011 a 2014 foram utilizados pelos autores. A amostra final incluiu dados de 3.990 adultos mais velhos, com idade média de 79 anos.
A fragilidade foi definida usando critérios de Fried modificados, por autorrelato. a ferramenta avalia:
- Exaustão: resposta de “sempre”, “frequentemente” ou “às vezes” para se um participante se sentia “inútil com a idade”.
- Encolhimento: IMC <18,5 kg/m²
- Fraqueza: presente quando o participante não conseguia levantar uma bolsa de 5 kg.
- Baixa mobilidade: presente quando o participante não conseguia caminhar uma distância de 1 km
- Inatividade: quando o participante fizesse atividades diárias 1 vez por semana ou menos (trabalho doméstico, atividade externa, jardinagem, manter um animal de estimação, atividade social, etc).
Nesse sentido, considerou-se frágil um participante que cumprisse pelo menos três destes critérios.
Em seguida, um índice de dieta plant-based (PDI) foi calculado com base em um questionário qualitativo qualitativo simplificado de frequência alimentar (FFQ), considerando 16 grupos alimentares.
Finalmente, uma Equação de Estimativa Generalizada foi usada para estimar as razões de risco (RRs) e intervalos de confiança (ICs) de 95% para fragilidade. Além disso, realizou-se análises de subgrupos estratificadas por sexo e fatores de estilo de vida.
Dieta plant-based protegeu contra a fragilidade em determinados grupos
O PDI mediano foi de 50. Os participantes mais propensos a ter um PDI alto apresentaram as seguintes características:
- Sexo masculino
- Idade entre 65 e 79 anos
- IMC normal
- Moradia na área urbana
- Educação formal
- Financeiramente independentes
- Casados e vivendo com o cônjuge
- Hábitos de exercícios anteriores ou atuais
- Fumantes e bebedores anteriores ou atuais
Ao total, dos 3.990 participantes, 557 casos de fragilidade foram observados. Destes, 363 possuíam PDIs baixos e 194 possuíam PDIs altos.
Em comparação com os participantes cujo PDI permaneceu baixo, aqueles cujo PDI permaneceu alto ao longo do tempo tiveram um risco significativamente reduzido de fragilidade.
Em outras palavras, os participantes com adesão mais alta à dieta plant-based tiveram um menor risco de fragilidade.
Em análises de subgrupos posteriores, um PDI consistentemente alto ao longo do tempo resultou em um risco significativamente reduzido de fragilidade para os seguintes grupos:
- Homens
- Nunca fumantes
- Pessoas que nunca consumiram álcool
- Pessoas com hábitos de exercícios atuais ou anteriores
Assim, além de considerar o gênero, o efeito preventivo significativo contra a fragilidade foi acentuado para idosos com hábitos de um estilo de vida já saudável.
O que explica estes resultados?
A fragilidade pode estar associada ao estresse oxidativo e à inflamação, processos que danificam tecidos e comprometem a função corporal.
Por outro lado, alimentos de origem vegetal são ricos em antioxidantes como vitaminas C e E, betacaroteno e fibras alimentares, que ajudam a neutralizar espécies reativas de oxigênio e a regular processos inflamatórios e imunológicos.
Além disso, componentes como os polifenóis do chá, amplamente consumido na China, podem reduzir níveis de citocinas inflamatórias, reforçando os efeitos protetores dessa dieta.
Embora a dieta plant-based não apresente maiores quantidades de proteína, a proteína vegetal (principalmente de leguminosas) associada a nutrientes antioxidantes pode colaborar para a manutenção muscular.
No estudo, o benefício da dieta plant-based foi mais evidente em homens. Segundo os autores, esse resultado se deu pois as mulheres são mais vulneráveis à incapacidade e doenças crônicas, têm maior perda de reservas fisiológicas, e menor IMC. Além disso, o status socioeconômico e de saúde das mulheres é frequentemente pior.
Os resultados também sugeriram que os benefícios da dieta plant-based dependem de fatores de estilo de vida. De fato, o tabagismo, etilismo e sedentarismo podem atenuar os efeitos positivos dessa dieta. Por exemplo, sabe-se que fumar aumenta o risco de fragilidade ao reduzir a síntese de proteína muscular, força muscular e função física.
Conclusão
Em suma, a dieta plant-based se associou a baixo risco de fragilidade em idosos do sexo masculino e com estilo de vida saudável. Assim, ela deve ser recomendada como uma estratégia alimentar para prevenir e reduzir a fragilidade em adultos mais velhos.
Ademais, mais intervenções alimentares junto com modificações no estilo de vida devem ser adotadas para promover o envelhecimento bem-sucedido, especialmente para mulheres.
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Referência:
Duan Y, Qi Q, Gao T, Du J, Zhang M, Liu H. Plant-Based Diet and Risk of Frailty in Older Chinese Adults. J Nutr Health Aging. 2023;27(5):371-377. doi: 10.1007/s12603-023-1918-9. PMID: 37248761.