Atendimento do paciente oncológico

Atendimento do paciente oncológico

paciente oncológico
Fonte: Canva.com

O diagnóstico do câncer é sempre um momento difícil, repleto de incertezas e medos que podem fragilizar muito o paciente e sua família.

Lidar com todas as mudanças de rotina e desconfortos físicos, além da desnutrição, que pode ser provocada pelo câncer em si, ou por efeitos colaterais decorrente do seu tratamento, são fatores que podem tornar a jornada oncológica um pouco mais complexa.

O apoio e abordagem multidisciplinar de profissionais de saúde, incluindo o cuidado e o acolhimento que os pacientes merecem, podem amenizar esses danos e facilitar o tratamento.  

E não podemos falar de equipe multidisciplinar nos cuidados do paciente oncológico sem falar do Nutricionista, que tem um papel fundamental nesse cenário, atuando na prevenção ou revertendo quadros de desnutrição, e garantindo a qualidade de vida e o bem-estar do paciente.

O estado nutricional e a desnutrição no câncer

A desnutrição em pacientes oncológicos (que representa 80% das causas de morte nessa população), pode ocorrer por alterações metabólicas, tipo e estágio do tumor e por efeitos colaterais do tratamento (radioterapia, quimioterapia, cirurgia e imunoterapia), levando ao prejuízo do estado nutricional e impactando negativamente na:

  • Qualidade e tempo de vida
  • Tolerância ao tratamento 
  • Tempo de internação
  • E tornando o tratamento mais oneroso

Portanto, é essencial monitorar o estado nutricional e intervir precocemente para prevenir complicações e melhorar o prognóstico do paciente.

O primeiro sintoma que deve ser observado é a perda de peso não intencional, geralmente relacionada com alguma disfunção gastrointestinal que reduz a ingestão alimentar, e consequentemente leva a perda involuntária de peso.

Atendimento ao paciente oncológico

Avaliação Nutricional

O padrão ouro para avaliação nutricional do paciente com câncer é a Avaliação Global Subjetiva Produzida Pelo Paciente (AGS-PPP), que combinada com protocolos específicos, pode ajudar a identificar os pacientes que se beneficiem de intervenções nutricionais, contribuindo para a manutenção ou ganho de peso. 

A Avaliação Global Subjetiva (AGS) também é bastante utilizada nesses pacientes. 

Medidas antropométricas e bioquímicas podem sofrer influência de fatores não nutricionais comuns no câncer, portanto, não devem ser considerados como métodos únicos para avaliação do estado nutricional. 

Apoio ao paciente

O apoio ao paciente oncológico vai além do tratamento clínico e cirúrgico, e envolve a atuação de diferentes frentes:

  • Por parte da família e amigos: oferecendo o apoio emocional e integrando a “rede de apoio” durante o tratamento e recuperação do paciente.
  • Por parte da equipe multidisciplinar: adotando uma abordagem integral e humanizada, que se estenda também para a família (esclarecendo possíveis dúvidas, direitos do paciente e incentivando a inserção em programas de apoio).

Medicina integrativa

A medicina integrativa oferece uma abordagem holística, proporcionando ferramentas e orientações para incentivar a autonomia e autocuidado do paciente, ajudando a minimizar o seu sofrimento e consequentemente envolvendo-o no cuidado com sua saúde. 

Além da nutrição, podem complementar o tratamento tradicional, práticas como:

  • Psicoterapia
  • Meditação
  • Técnicas de relaxamento
  • Uso de fitoterápicos

Fases de adaptação 

Durante as etapas do câncer, desde o seu diagnóstico até a recuperação, o paciente e sua família passam por diferentes fases de adaptação, sendo necessário o apoio emocional, material e educacional

A “rede de apoio” do paciente também é impactada pela doença. Faz parte dos cuidados:

  • Ajudar o paciente a enfrentar o primeiro impacto (no diagnóstico) e não deixá-lo lidar com todas as informações sozinho.
  • Auxiliar de forma material, emocional e afetiva durante o tratamento.
  • Monitorar a doença, gerenciar os sintomas, investir na promoção da saúde e realizar os cuidados médicos (em casa), durante a recuperação, conforme orientações médicas. O paciente pode levar um tempo para se sentir saudável novamente. 

Ações de apoio

  • Manter os dados de todas as pessoas que integram a “rede de apoio”, no prontuário do paciente, caso seja necessário o contato.
  • Mediar o contato entre a “rede de apoio” do paciente e a equipe médica, para que sejam esclarecidas possíveis dúvidas.
  • Manter os procedimentos em ambiente domiciliar, mas buscar orientação médica sempre que necessário. 
  • Incentivar o acompanhamento psicológico para ajudar o paciente no processo de adaptação à nova realidade.

Terapia Nutricional no tratamento do câncer

O tratamento do câncer é fundamental, mas frequentemente também pode ser uma fase complexa e delicada, desencadeando alguns efeitos indesejados, e comprometendo o estado físico, imunológico e nutricional do paciente. 

Pensando no sucesso do tratamento e garantia do bem-estar do paciente, se faz necessário preservar ou melhorar o seu estado nutricional, e a Terapia Nutricional emerge como uma excelente alternativa para isso, visando:

  1. Prevenir e tratar a desnutrição
  2. Modular a resposta ao tratamento
  3. Amenizar os sintomas 
  4. Melhorar a qualidade de vida 

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Abordagem centrada no paciente para enfrentar os desafios da doença!

Diante da complexidade do tratamento do câncer e dos desafios enfrentados pelos pacientes, é evidente a importância de uma abordagem multidisciplinar e holística para garantir não apenas a eficácia terapêutica, como também o bem-estar físico, emocional e nutricional.

A integração de profissionais de saúde, incluindo nutricionistas, juntamente com o apoio da família, desempenha um papel fundamental nessa jornada.

A avaliação precoce do estado nutricional, a implementação de terapia nutricional adequada e o apoio contínuo ao paciente e à sua família, em todas as fases do tratamento, são fundamentais para melhorar a tolerância ao tratamento, os resultados clínicos e a qualidade de vida do doente.

Assim, ao adotar uma abordagem centrada no paciente, podemos oferecer suporte para enfrentar os desafios da doença e promover um caminho mais confortável e menos desafiador rumo à recuperação.

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Referência:

Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Associação Brasileira de Nutrologia. Terapia Nutricional na Oncologia. Projeto Diretrizes, 2011.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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