Tratamento de sarcopenia e composição corporal segmentar

Tratamento de sarcopenia e composição corporal segmentar

Sarcopenia é caracterizada como perda progressiva de massa muscular e força, que pode ocorrer em razão do envelhecimento, desnutrição, imobilidade ou doenças crônicas. Por estar associada a inúmeros desfechos negativos, como comprometimento cognitivo, depressão e morte, há grande interesse em identificar estratégias que possam minimizar ou reverter o quadro.

Sabe-se que exercícios físicos e intervenções nutricionais podem melhorar a quantidade e função muscular e por isso essas estratégias devem ser priorizadas. Estudos têm demonstrado o papel dos exercícios físicos resistidos feitos sob supervisão na melhora da sarcopenia, no entanto, pouco se sabe sobre os efeitos dos exercícios domiciliares nessa situação. Desta forma, um estudo recente teve como objetivo comparar o efeito precoce de exercício resistido associado à terapia nutricional e à realização de exercícios domiciliares sobre o desempenho físico e composição corporal de idosos sarcopênicos.

Metodologia

Foram selecionados indivíduos >65 anos, com diagnóstico de sarcopenia segundo consenso do European Working Group on Sarcopenia in Older (EWGSOP, 2019), que frequentavam o serviço de geriatria de um Hospital Universitário. Os participantes foram submetidos a testes de performance física (força do aperto de mão – FAM e velocidade de marcha) e avaliação de composição corporal.

O período de acompanhamento durou 26 semanas, sendo 12 semanas em cada modelo de exercício, com 2 semanas de intervalo entre eles. O grupo intervenção precoce realizou primeiramente o treinamento assistido combinado com intervenção nutricional, seguido de treinamento domiciliar. O grupo intervenção tardia realizou primeiro o treinamento em casa, orientado, mas sem supervisão, seguido de treinamento assistido combinado com intervenção nutricional.

O treinamento assistido consistia em exercícios resistidos 2x por semana, feitos sob supervisão. Durante esse período de treinamento, os participantes consumiam diariamente 7,2g de um suplemento de BCAA, 1200mg de cálcio e 1600UI de vitamina D3. Na fase de exercícios domiciliares, os participantes foram orientados a realizar 30 minutos de atividade física diária, que poderia ser uma caminhada, durante 5 ou mais dias por semana (totalizando 150 minutos por semana). Eles foram orientados a seguir uma alimentação balanceada, porém não utilizaram suplementação. Testes de avaliação de massa muscular e função física foram realizados no início e nas semanas 12 e 26.

Resultados       

O grupo intervenção precoce apresentou mudança significativa no valor total de massa muscular e na massa muscular dos membros após o primeiro e segundo ciclo de treinamentos, enquanto o grupo intervenção tardia apresentou aumento significativo de massa muscular total apenas após o primeiro ciclo de treinamentos.

Houve diferença no ganho de massa muscular dos membros entre os grupos na primeira fase de treinamento (p=0,016): aumento de 770,8g (intervalo de confiança de 95%, 564,8g – 976,9 g) no grupo intervenção precoce e 294,2g (intervalo de confiança de 95%, -42,13 a 630,5 g) no grupo intervenção tardia. Ambos os grupos apresentaram melhora de força muscular ao longo das avaliações e o grupo de intervenção tardia apresentou melhora na velocidade de marcha.

Conclusão

Os autores concluíram que o exercício resistido realizado de forma precoce e supervisionada, associado a intervenção nutricional pode ser superior na recuperação de massa muscular, mas não da função física em idosos sarcopênicos. No entanto, ao projetar um programa de reabilitação para pacientes com sarcopenia, esse modelo pode ser prescrito primeiro para o rápido aumento do volume muscular, e exercícios domiciliares estruturados podem ser orientados para preservar o efeito da intervenção anterior.

Referência

Chang KV, Wu WT, Huang KC, Han DS. Effectiveness of early versus delayed exercise and nutritional intervention on segmental body composition of sarcopenic elders – A randomized controlled trial. Clin Nutr. 2021 Mar;40(3):1052-1059.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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