Uma revisão recente da literatura demonstrou que os homens têm sido pouco representados nos artigos publicados em relação aos transtornos alimentares (TA). Na pesquisa, foram considerados como TA mais comuns a anorexia e bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica. Embora seja uma preocupação mais frequente em mulheres, o estudo aponta que até 5,5% dos jovens do sexo masculino possuem risco de TA, e muitas vezes não relatam sintomas por receio do estigma social de TA ser um transtorno feminino.
As manifestações de transtornos alimentares em homens são diferentes das mulheres. No público feminino, a insatisfação corporal geralmente está associada ao desejo de um corpo magro, já o lado masculino majoritariamente se preocupa com o corpo mais musculoso. Há exceção de homens com anorexia nervosa, que preferem o perfil magro. Outra diferença encontrada entre gêneros é a menor probabilidade de utilizar laxantes e provocar vômitos em homens do que mulheres.
O questionário de transtornos alimentares, do inglês Eating Disorder Examination (EDE) é considerado um método padrão-ouro como parte do diagnóstico de TA. É uma entrevista classificada em 4 subescalas (restrição dietética, preocupação alimentar, preocupação física e com o peso) que avaliam a frequência e intensidade de sintomas comportamentais e cognitivos associados aos TAs durante os últimos 28 dias. No entanto, há falta de estudos científicos que estabeleçam propriedades psicométricas da aplicação deste teste na população masculina, particularmente em adolescentes.
A revisão mostra ainda que, no gênero masculino, existe grande prevalência de TA por abuso de substâncias tóxicas e influência de esportes competitivos por um corpo perfeito. Os autores concluem que pesquisas adicionais são necessárias para esclarecer as tomadas de conduta no TA nessa população.