Terapia nutricional pode minimizar o catabolismo proteico de crianças em estado crítico?

Terapia nutricional pode minimizar o catabolismo proteico de crianças em estado crítico?

A resposta metabólica induzida pela doença crítica ativa as vias catabólicas causando resistência aos sinais anabólicos, o que leva a uma extensa perda de massa e da função muscular. O catabolismo proteico está associado à morbidade e mortalidade em crianças críticas, que apresentam alto risco de desenvolver baixa ou nenhuma reserva proteica.  A depleção de proteínas (15-25% da massa muscular total) foi relatada durante os primeiros 10 dias após a admissão em uma unidade de terapia intensiva.

A terapia nutricional adequada durante o período crítico é importante para a fase de recuperação ou período de reabilitação. O apoio nutricional se concentra em atender a meta de energia com micro e macronutrientes, mas a falta de padronização de ferramentas de gerenciamento à beira do leito pode limitar a percepção do estado biológico, o que consequentemente pode afetar o resultado da terapia nutricional.

Um estudo de coorte prospectivo, realizado em uma unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP) de um hospital terciário, demonstrou a eficácia da diretriz de terapia nutricional enteral (TNE) usada rotineiramente na prevenção da perda muscular em crianças criticamente doentes.

Sessenta e três crianças criticamente doentes de 1 mês a 15 anos foram incluídas, e tiveram suas necessidades nutricionais e estado nutricional avaliados. A TNE foi iniciada nas primeiras 24 horas, e a meta calórica foi definida por calorimetria indireta ou estimada pela equação de Schofield com meta proteica de pelo menos 1,5 g/kg/dia. As variáveis de estudo incluíram peso, comprimento, perímetro cefálico (somente para crianças <36 meses), perímetro braquial médio, circunferência da cintura e quadril.

Crianças que não puderam ser pesadas, tiveram peso estimado por medida de comprimento/altura com valores de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS), e o estado nutricional foi classificado pelo perímetro braquial médio. Avaliações antropométricas e medidas de composição corporal por bioimpedância elétrica (BIA) foram realizadas no início e no sétimo dia de internação na UTIP.

A maioria das crianças apresentou faixa etária entre 1 a 5 anos (38,1%), e o tempo de permanência na UTIP foi de 9,1 (DP = 12,7) dias. A ventilação mecânica foi necessária em 55,6% dos pacientes e teve duração média de 6,3 (DP = 12,4) dias. A desnutrição foi identificada em 36,5% dos pacientes, e a nutrição enteral foi aplicada em 95,2% dos casos. A massa muscular se manteve preservada após 7 dias de internação. Todos os pacientes receberam a sua meta de energia e proteína na primeira semana, e apresentaram baixa taxa de complicações (1,6%).

Os autores concluíram que as recomendações da diretriz de TNE trouxeram impactos positivos sobre os desfechos analisados, e podem minimizar o catabolismo proteico das condições críticas estudadas, que incluíram problemas médicos (79,3%), doenças respiratórias (50,8%), doenças cardiovasculares (14,3%), doenças endócrinas (7,9%) e doenças neurológicas (6,3%). Os demais casos foram cirurgia eletiva (15,5%) e trauma/queimadura (3,2%).

Referência

Sirianansopa K, Rassameehirun C, Chomtho S, Suteerojntrakool O, Kongkiattikul L. Optimal Enteral Nutrition Support Preserved Muscle Mass in Critically Ill Children. J Nutr Metab. 2022;2022:7004543. Published 2022 Jan 25. doi:10.1155/2022/7004543

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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