Sintomas de impacto nutricional pioram ingestão alimentar em pacientes com câncer

Sintomas de impacto nutricional pioram ingestão alimentar em pacientes com câncer

sintomas de impacto nutricional
Fonte: Canva.com

Pacientes com câncer enfrentam diversos sintomas que podem dificultar a execução de tarefas comuns, como o ato de comer. São os chamados “sintomas de impacto nutricional”. Até o momento, esse tema ainda é um pouco discutido.

Sabendo disso, uma nova pesquisa trouxe luz a este tópico, investigando os impactos destes sintomas na ingestão alimentar de pacientes com câncer avançado. Confira detalhes a seguir.

Em primeiro lugar, o que são sintomas de impacto nutricional (SIN)?

Ainda não há uma definição consensual para  os sintomas de impacto nutricional. Entretanto, no câncer, podemos considerá-los como aqueles sintomas físicos e psicológicos relacionados à caquexia, que comprometem a ingestão alimentar e podem levar a desnutrição.

Seus principais resultados adversos incluem:

  1. Deterioração do estado nutricional 
  2. Perda de peso corporal
  3. Sofrimento relacionado à alimentação (ERD)
  4. Piora da qualidade de vida (QV) relacionada à alimentação
  5. Menor sobrevida

Quais são os sintomas de impacto nutricional (SIN)?

Os SIN incluem uma ampla gama de sintomas físicos e psicológicos que interferem no desejo de comer e na capacidade de ingerir e digerir alimentos. Exemplos incluem:

  • Dor oral
  • Falta de ar
  • Fadiga
  • Sonolência
  • Falta de apetite
  • Saciedade precoce
  • Náusea
  • Vômito
  • Constipação
  • Diarreia
  • Paladar e olfato anormal
  • Boca seca
  • Problemas dentários
  • Dificuldade para engolir
  • Obstrução do bolo alimentar
  • Ansiedade e depressão

Novo estudo avalia impacto dos SNI em pacientes com câncer avançado

Recentemente, cientistas conduziram uma análise transversal, envolvendo 302 pacientes com câncer avançado e em cuidado paliativo, de 11 serviços de saúde japoneses. 

Os participantes classificaram 19 sintomas de impacto nutricional,  adotados do Edmonton Symptom Assessment System (ESAS) e do Patient-Generated Subjective Global Assessments (PG-SGA). Os pacientes deveriam classificar os seus sintomas de 0 a 10, sendo:

  • 0: inexistente
  • 1 a 3: leve
  • 4 a 6: moderado
  • 7 a 9: grave
  • 10: insuportável

Além disso, solicitou-se aos participantes que avaliassem sua ingestão alimentar usando a Escala Ingesta-Verbal/Visual Analógica (Ingesta-VVAS), que emprega uma escala de 10 pontos. 

Os participantes estimaram sua refeição em uma escala de 0 (nada) a 10 (como de costume), de modo que pontuações mais altas indicam melhor ingestão alimentar.

Por fim, os participantes avaliaram sua qualidade de vida usando o Questionário para sofrimento relacionado à alimentação entre pacientes com câncer avançado (QERD-P).

Principais resultados

O achado primordial da pesquisa foi que, quanto maior o número de SINs com pontuação de 4 ou mais (moderado a insuportável), menor a tendência de ingestão alimentar. Ter quatro ou mais SINs mostrou ser preditivo de ingestão alimentar reduzida.

Além disso, o sofrimento relacionado à alimentação e a pior qualidade de vida também estavam mais presentes.

Por outro lado, uma pequena quantidade de SINs (1 a 3 sintomas) não se associou necessariamente à menor ingestão alimentar. No entanto, estes pacientes também tinham alto risco de sofrimento relacionado à alimentação.

Investigações anteriores sugeriram que aliviar esses sintomas podem ter benefícios clínicos consideráveis. 

Por exemplo, um estudo descobriu que terapias (farmacológicas ou não) para dor, náusea, depressão e constipação melhorou significativamente a falta de apetite, e aproximadamente ⅓ dos pacientes ganhou peso. Além disso, sugeriu-se minimizar a administração de sedativos para mitigar fadiga excessiva e sonolência.

Conclusão

Em resumo, os sintomas de impacto nutricional pioram a ingestão alimentar em pacientes com câncer avançado, principalmente quando estes sintomas são moderados à insuportáveis.

Sendo assim, é imprescindível que as diretrizes clínicas criem uma definição consensual para os SINs, assim como recomendações de gerenciamento específico destes sintomas. 

Para ler o artigo científico completo, clique aqui.

Se você gostou deste artigo, leia também:

Cursos que podem te interessar:

 

Pós-graduação de Nutrição Clínica

Compartilhe este post