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A Encefalopatia Hepática Mínima (EHM) é uma complicação que afeta quase 80% dos pacientes cirróticos.
O exame físico desse grupo frequentemente é normal; entretanto, os pacientes podem apresentar anormalidades sutis, tais como:
- Alterações mínimas na personalidade e memória;
- Prejuízo da função intelectual, concentração e coordenação;
- Distúrbios do sono;
- Diminuição da qualidade de vida.
Nesse sentido, algumas evidências apontam efeitos positivos do resveratrol (RV) na EHM. O resveratrol é um polifenol encontrado na semente da uva e que parece ter atividade anti-inflamatória, antidepressiva, antioxidante, antiviral e proteção ao câncer.
Novo estudo avalia efeitos do resveratrol na encefalopatia hepática mínima
Em um recente estudo, o objetivo foi avaliar o efeito do resveratrol na saúde hepática, na qualidade de vida relacionada à saúde e redução da depressão e ansiedade em pacientes com Encefalopatia Hepática Mínima.
Para isso, os autores randomizaram 70 pacientes com EHM em dois grupos:
- Grupo RV: tratado com resveratrol 19,8 mg + N- acetil cisteína 600 mg + lactoferrina 23,6 g (Resvis Alfa-sigma, Bologna, Itália)
- Grupo placebo: tratado com N-acetil cisteína 600 mg + lactoferrina 23,6 g; por 90 dias.
Para o diagnóstico de HE, realizou-se avaliação da consciência, comportamento intelectual e funções neuromusculares.
Além disso, todos pacientes foram submetidos à Escala de Encefalopatia Hepática Psicométrica (PHES), Pesquisa de Saúde Short Form 36 (SF-36), Inventário de Depressão de Beck (BDI), e Inventário de Ansiedade State-Trait (IDATE).
Em seguida, o estado mental foi avaliado e classificado com base nos Critérios de West-Haven. Por fim, a análise mensal de exames laboratoriais incluiu testes de função renal e hepática (AST, ALT), albumina, α-fetoproteína, hemograma, tempo de protrombina, glicemia de jejum e concentração de amônia venosa (NH4).
Resveratrol trouxe efeitos positivos na EHM
Em comparação com o placebo, o grupo RV mostrou diminuição significativa no NH4, AST e na ALT (p <0,05).
No grupo RV, houve diminuição significativa no Inventário de Depressão de Beck (IDB), no Inventário de Ansiedade State-Trait (IDATE) e melhora na função física, no desempenho físico, na dor corporal, na saúde geral, na vitalidade e na função social (p <0,05).
Nenhum evento adverso grave foi observado em ambos os grupos.
Conclusão
Este ensaio clínico sugere que o resveratrol, associado com derivados da carnitina e a silibina, mostrou eficácia no tratamento dos níveis séricos de amônia, assim como na depressão, ansiedade, e melhora da qualidade de vida dos pacientes com EHM.
Tais achados justificam a necessidade de mais testes do seu uso em ensaios clínicos que explorem a sua eficácia no tratamento de outros distúrbios neurológicos.
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Referência:
Giulia Malaguarnera, Manuela Pennisi, Gaetano Bertino, et al. Resveratrol in Patients with Minimal Hepatic Encephalopathy. Nutrients. 2018; 10(3): 329