Principais tipos de intolerância a carboidratos

Principais tipos de intolerância a carboidratos

Em condições normais, a maior parte da carga de carboidratos ingerida é completamente absorvida antes de atingir o cólon, mas várias condições podem resultar no comprometimento da absorção no intestino delgado. A má absorção de carboidratos pode provocar um influxo osmótico de fluido para o intestino delgado, levando à distensão intestinal e propulsão rápida para o cólon. Os carboidratos não absorvidos são rapidamente fermentados pela microbiota colônica, gerando gases, lactato e ácidos graxos de cadeia curta, que têm efeitos na função gastrointestinal. Todos esses fatores podem produzir diarreia, gases, distensão abdominal, flatulência e dor abdominal, que são sintomas observados em pacientes com intolerância a carboidratos.

Um estudo recente reuniu as principais condições de intolerância a carboidratos e descreveu detalhes a partir de relatórios clínicos e científicos recentes de pacientes com doença intestinal funcional.
A má-absorção à lactose se refere a digestão ineficiente da lactose no intestino delgado. Essa condição tem prevalência global de 68% e suas causas podem ser primárias e secundárias (gastroenterite viral, giardíase e doença celíaca). Por outro lado, a intolerância à lactose é a ocorrência de sintomas como dor abdominal, distensão abdominal, ruídos gástricos, flatulência, dor abdominal e diarreia após a ingestão de lactose. Os sintomas de intolerância à lactose caracteristicamente não surgem até que haja menos de 50% da atividade da lactase.

A deficiência de sucrase-isomaltase, compromete o metabolismo de sacarose, conhecida como açúcar de cana ou açúcar de mesa regular. A sacarose consiste em uma molécula de glicose e uma de frutose. A ligação entre essas duas moléculas é quebrada pela enzima ligada à membrana sacarase-isomaltase. Essa enzima também hidrolisa as moléculas de glicose nos oligossacarídeos curtos e no amido. A deficiência congênita de sacarase-isomaltase (CSID) é uma condição autossômica recessiva rara com mutações genéticas. A prevalência de CSID na América do Norte e Europa varia entre 1/500 e 1/2000, e as formas adquiridas de deficiência de sacarase-isomaltase podem ser secundárias a outras condições gastrointestinais crônicas associadas à atrofia das vilosidades intestinais, como infecção entérica, doença celíaca, doença de Crohn e outras enteropatias que afetam o intestino delgado.

A má absorção de frutose pode ocorrer devido digestão intracelular insuficiente pelos enterócitos. Em humanos, a capacidade de absorção de frutose é muito pequena após o nascimento e aumenta em resposta à frutose da dieta. A absorção de frutose ocorre principalmente no intestino delgado proximal e é mediada principalmente pelo cotransportador Na+-glicose SGLT1 e pelos transportadores facilitadores GLUT2 e GLUT5.

Sobre a intolerância ao sorbitol: o sorbitol é pouco absorvido pelo intestino delgado e, em altas doses, atua como laxante. Soluções contendo 10 g e 20 g resultaram em 90% e 100% de má absorção em voluntários saudáveis, respectivamente. Os álcoois de açúcar, uma classe de polióis de baixo peso molecular, podem ocorrer naturalmente ou ser obtidos pela hidrogenação de açúcares. Os mais comuns são sorbitol, manitol, maltitol, isomalte, lactitol e xilitol. O sorbitol (D-glucitol) é o álcool de açúcar mais consumido.

Por fim, a má absorção de açúcares em doença intestinal funcional é bastante comum. Particularmente na síndrome do intestino irritável (SII), observam-se reações adversas importantes após o consumo de oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis (FODMAPs). Apesar de não haver diferenças na frequência de má absorção de açúcar entre pacientes com SII e pessoas saudáveis, a gravidade dos sintomas após consumo açúcar é muito pior na SII. Portanto, considera-se que a presença de uma doença intestinal funcional aumenta a probabilidade de diarreia, dor e distensão abdominal.

Referência:

Fernández-Bañares F. Carbohydrate Maldigestion and Intolerance. Nutrients. 2022 May 4;14(9):1923. doi: 10.3390/nu14091923. PMID: 35565890; PMCID: PMC9099680.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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