Manipulação da oferta proteica em cuidados intensivos

Manipulação da oferta proteica em cuidados intensivos

Pacientes em estado crítico apresentam aumento de suas necessidades nutricionais e, nesse contexto, o oferecimento de energia e proteínas constituem aspectos importantes da terapia nutricional. Estudos observacionais demonstraram que o aumento no fornecimento de proteínas pode produzir resultados mais relevantes do que o aumento da entrega total de energia, contudo, a oferta proteica adequada para a fase aguda dos cuidados intensivos (UTI) ainda é desconhecida.

Para avaliar o efeito de quantidades proteicas consideradas altas e médias, Nakamura K et al. conduziram um ensaio clínico randomizado em pacientes críticos durante o tratamento em UTI. Um total de 117 pacientes foram alocados em grupos de alta proteína (meta de energia 20 kcal / kg / dia, proteína 1,8 g / kg / dia) ou média proteína (meta de energia de 20 kcal / kg / dia, proteína 0,9 g / kg / dia). Para isto, foi utilizado um protocolo com dois produtos de nutrição enteral, que apresentavam as mesmas calorias e carboidratos, com diferentes quantidades de proteínas e gorduras por mililitro.

A reabilitação com estimulação muscular elétrica do tipo cinto foi realizada e o desfecho primário foi a perda de volume muscular femoral, avaliada por tomografia computadorizada.

Como resultado, identificou-se que a perda de volume do músculo femoral foi de 12,9 ± 8,5% no grupo de alta proteína e de 16,9 ± 7,0% no grupo de média proteína, com diferença significativa (p = 0,0059). Essa perda de volume muscular foi significativamente menor no grupo de alta proteína apenas durante o período de estimulação elétrica muscular. Inflamação persistente, imunossupressão e síndrome catabólica foram significativamente menos frequentes no grupo de alta proteína.

Os autores concluíram que na fase aguda de cuidados intensivos, uma meta de entrega de proteína elevada (1,8 g /kg /dia) proporcionou maior benefício para a manutenção do volume muscular do que a entrega de uma quantidade média de proteína (0,9 g /kg /dia), mas apenas com a reabilitação precoce ativa.

Referência

Nakamura K et al. High protein versus medium protein delivery under equal total energy delivery in critical care: A randomized controlled trial. Clin Nutr. 2021 Mar; 40(3):796-803.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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