Jejum tipo janela alimentar promove perda de peso e reduz risco cardiovascular

Jejum tipo janela alimentar promove perda de peso e reduz risco cardiovascular

Sobrepeso e obesidade são condições associadas a doenças metabólicas como diabetes tipo 2 (DM2) e doenças cardiovasculares. Para abordar este problema, inúmeras estratégias são propostas por diferentes organizações de saúde em todo mundo, contudo, o tratamento da obesidade ainda é considerado um desafio. O jejum intermitente é uma abordagem dietética que vem sendo amplamente utilizada para auxiliar na promoção do déficit calórico e, consequentemente, perda de peso e para melhora da saúde geral.

Para determinar o efeito do jejum intermitente tipo janela alimentar (time restricted feeding) na perda de peso e sua associação com a composição corporal e riscos metabólicos e cardiovasculares, um ensaio clínico controlado randomizado foi conduzido durante 3 meses. Mulheres ativas com IMC ≥ 30 kg/m 2, sem diagnóstico de DM2 e hipertensão arterial foram recrutadas. O grupo intervenção (20 mulheres) foi submetido a períodos de jejum e orientado a manter os hábitos nutricionais regulares durante o período sem jejum (janela alimentar); enquanto o grupo controle (12 mulheres) não fez jejum e manteve seus hábitos nutricionais em todo o período. O protocolo de jejum intermitente utilizado neste estudo considerou o período de jejum de 16h (das 20h às 12h) e alimentação sem restrições por 8h (das 12h às 20h). Todos os participantes foram informados sobre o período de jejum ou de ingestão alimentar por mensagens e, para compartilhar experiências e receber apoio médico, reuniões quinzenais foram conduzidas.

Não houve mudanças significativas nos biomarcadores associados a fatores metabólicos e risco cardiovascular, e o número de indivíduos com síndrome metabólica permaneceu o mesmo em ambos os grupos após os 3 meses de estudo. Apesar disso, mudanças importantes no peso e na composição corporal foram observadas e, ao correlacionar os dados com o escore do Framingham Heart Study, os autores observaram que a gordura corporal e massa muscular foram os melhores preditores de risco cardíaco.

A avaliação da pontuação do questionário de qualidade de vida mostrou que houve melhora no grupo submetido ao jejum intermitente. Os autores associaram isto como um reflexo provável da autopercepção de melhora da imagem corporal, uma vez que houve a redução de peso corporal e da circunferência da cintura.

Chama atenção que, diferente de outros estudos, o jejum intermitente não alterou parâmetros bioquímicos das participantes. Para explicar estes resultados, considerou-se que o período da intervenção no estudo pode não ter sido suficiente para promover alterações metabólicas nos marcadores bioquímicos conhecidos. Estratégias para redução de peso corporal devem ser encorajadas como tratamento inicial e os benefícios do jejum intermitente podem ser considerados em resposta a redução de peso corporal. No entanto, é preciso ponderar a variação entre participantes, especialmente por respostas individuais ao protocolo do jejum aplicado.

Os autores referem que as mudanças nas medidas antropométricas podem ser consideradas de boa correlação aos resultados positivos associados a perda de peso e redução de risco cardiometabólico, o que é interessante por serem medidas rápidas e de fácil acessibilidade. Ao considerar sua relevância clínica, a proposta do jejum intermitente pode ser interessante para quem não conseguem seguir dietas restritas ou mudanças muito radicais no padrão nutricional da ingestão alimentar. Estudos adicionais podem auxiliar a melhorar a compreensão do papel do jejum intermitente na promoção da perda de peso e melhora metabólica.

Referência

Schroder, J.D., Falqueto, H., Mânica, A. et al. Effects of time-restricted feeding in weight loss, metabolic syndrome and cardiovascular risk in obese women. J Transl Med 19, 3 (2021).

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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