Baixa ingestão de proteínas em idosos com DRC: risco ou benefício?

Baixa ingestão de proteínas em idosos com DRC: risco ou benefício?

Fonte: shutterstock.com

O aumento da expectativa de vida está colocando desafios sem precedentes para os sistemas de saúde em todo o mundo. Observamos um aumento acentuado na prevalência de doença renal crônica (DRC), associado à piora do estado nutricional, com aumento do quadro de desnutrição energético-proteica (DEP), levando a deterioração de resultados clínicos —  incluindo redução da sobrevida devido à falta de proteínas!

Em idosos com DRC, ocorre um dilema nutricional entre as diretrizes geriátricas e de prevenção da desnutrição (que indicam manter a ingestão proteica acima de 1,0 g/kg/dia) e as diretrizes de nefrologia (que recomendam reduzir a ingestão proteica para prevenir/retardar a progressão da DRC e melhorar as anormalidades metabólicas). 

Para abordar essas questões, a European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN) e o European Renal Nutrition Group da European Renal Association (ERN-ERA) prepararam um novo artigo de revisão. 

O objetivo foi reunir as orientações de prevenção e tratamento da DRC e do estado nutricional utilizando abordagens dietéticas, incluindo a ingestão proteica e energética ideal para idosos com diferentes gravidades da DRC. 

Confira as principais recomendações a seguir.

DRC & DEP: restringir proteínas ou não?

Em idosos com DRC, o manejo nutricional deve considerar os possíveis desafios decorrentes de riscos simultâneos e potencialmente conflitantes de progressão da doença renal crônica (DRC) e desnutrição energético-protéica (DEP).

A identificação das causas subjacentes primárias e necessidades devem ser implementadas rotineiramente, buscando abordagens personalizadas com avaliação do risco-benefício individual. 

No geral, os autores apoiam uma avaliação cuidadosa para identificar o desafio clínico mais urgente e a consequente prioridade de tratamento. 

Quando não restringir proteínas?

Na presença de DEP, sugere-se evitar ou adiar a restrição proteica (principalmente na presença de função renal estável), e considerar as preferências e qualidade de vida do paciente. 

Nestes casos, a manutenção de uma alta ingestão de proteínas pode ser permitida. De fato, essa estratégia é desejável em alguns pacientes com DRC estável ou de progressão lenta, cujo quadro clínico é dominado pela idade avançada e desafios relacionados ao seu estado nutricional e funcional.

E quando restringir proteínas?

Por outro lado, a restrição proteica é indicado em casos de progressão da DRC ou em estágios avançados da doença (na presença de um bom estado nutricional). A avaliação individual do risco-benefício e o monitoramento nutricional adequado devem orientar o processo de tomada de decisão. 

Em outras palavras, essa estratégia deve ser implementada em idosos cujo principal desafio clínico seja a DRC com progressão significativa, principalmente se o estado nutricional for estável. 

Na prescrição da dieta, devem ser consideradas as preferências e a qualidade de vida do paciente. Quando necessário, os familiares e cuidadores devem ser envolvidos.

Outras recomendações

Em idosos com DRC, os autores defendem que a triagem nutricional, o diagnóstico de DEP e uma extensa avaliação e monitoramento nutricional devem ser uma parte integrante do percurso. Esse processo deve começar no encaminhamento e continuar no acompanhamento. 

Intervenções orientadas para metas devem ser flexíveis e fazer uso de todas as ferramentas disponíveis para atingir as melhores metas possíveis.

Para ler a diretriz completa, clique aqui.

 

Referência:


G.B. Piccoli, T. Cederholm, C.M. Avesani et al. Nutritional status and the risk of malnutrition in older adults with chronic kidney disease e implications for low protein intake and Q1 nutritional care: A critical review endorsed by ERN-ERA and ESPEN. Clinical Nutrition. In Press. Available online 2 February 2023.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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