A oferta ideal de proteínas durante a doença crítica ainda é desconhecida. Publicações recentes são conflitantes sobre o impacto da terapia nutricional ofertada durante a primeira semana de internação na UTI. Nesse contexto, o estudo PROTINVENT avaliou o momento da oferta de proteína e seus efeitos em desfechos clínicos e na mortalidade de pacientes críticos em ventilação mecânica prolongada.
Dados nutricionais e clínicos foram coletados retrospectivamente nos primeiros 7 dias de internação na UTI de pacientes adultos, ventilados mecanicamente por pelo menos 7 dias. Os pacientes foram divididos em três categorias de oferta proteica (<0,8 g/kg/dia; 0,8-1,2 g/kg/ dia e > 1,2 g/kg/dia). O desfecho primário foi identificar qual a dose e momento ideais para introdução de proteína relacionados à menor mortalidade aos seis meses. Os desfechos secundários foram em relação à duração da ventilação, necessidade de terapia renal substitutiva (TRS), tempo de permanência na UTI, tempo de internação hospitalar e mortalidade.
No total, 455 pacientes preencheram os critérios de inclusão. Foi encontrada uma associação tempo-dependente de ingestão de proteína e mortalidade. Baixa ingestão de proteínas (<0,8 g/kg/dia) antes do 3º dia e alta ingestão de proteínas (> 0,8 g/kg/dia) após o 3º dia foi associado com menor mortalidade em seis meses, em comparação com pacientes com alta ingestão total de proteína. Menor mortalidade em seis meses foi encontrada ao aumentar a ingestão de proteína de <0,8 g/kg/dia no dia 1-2 para 0,8-1,2 g/kg/dia no dia 3-5 e > 1,2 g/kg/dia após o dia 5. Além disso, o baixo consumo de proteína geral foi associado à maior mortalidade em UTI, intra-hospitalar e aos seis meses. Não houve diferenças no tempo de permanência na UTI, necessidade de TRS ou duração da ventilação. Os dados do estudo sugerem que, embora a ingestão baixa de proteína esteja associada com o maior risco de mortalidade, a alta ingestão de proteína durante os primeiros 3-5 dias de internação na UTI também está associada ao aumento da mortalidade em longo prazo. Portanto, o momento de alta ingestão de proteína pode ser relevante para melhorar os resultados de mortalidade em UTI, intra-hospitalar e a longo prazo.