A terapia nutricional ideal para combater a desnutrição necessita de doses calóricas e proteicas adequadas. Para oferecer terapia nutricional individualizada e otimizar o resultado clínico de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI), a criação de equipes interdisciplinares de terapia nutricional (EMTN) foi proposta e inclui médicos, enfermeiros e nutricionistas na equipe.
Embora os benefícios da EMTN tenham sido relatados por vários estudos, a presença deste tipo de equipe nem sempre é uma realidade em ambientes hospitalares. Os dados existentes que suportam a implementação de EMTN vêm principalmente dos EUA e nem sempre se referem a UTI.
Para avaliar o efeito da implantação de EMTN em UTI, um estudo prospectivo recente avaliou resultados dos pacientes em terapia intensiva antes e depois da implementação de uma equipe EMTN. O estudo foi realizado no Hospital Universitário de Tübingen, na Alemanha, em três departamentos: otorrinolaringologia, cirurgia e UTI médica. Foram incluídos pacientes adultos em UTI, classificados como risco nutricional aumentado de acordo com o escore NUTRIC (Nutrition Risk in the Critically ill) de pelo menos quatro, e permanência de pelo menos dois dias na UTI.
Um total de 120 pacientes foram estudados antes da implementação da EMTN e 60 foram estudados após a implementação da EMTN. Dos pacientes avaliados após a implementação da EMTN, 29 receberam assistência e 31 não receberam assistência. Parâmetros avaliados incluíram idade, sexo, peso, altura e índice de massa corporal (IMC) e os escores SAPS II (Fisiologia Aguda Simplificada), NUTRIC- (Risco Nutricional em Pacientes Críticos), SOFA- (avaliação sequencial de falência orgânica) e APACHE II (Fisiologia Aguda e Avaliação de Saúde Crônica) foram determinados.
Na alta da UTI, foram determinados o tempo de permanência na UTI, tempo de antibioticoterapia, tempo de ventilação mecânica, maior escore SOFA durante a permanência na UTI e a taxa de mortalidade. Após a alta hospitalar, o tempo de permanência no hospital foi registrado. Após a implementação da EMTN, a composição corporal foi analisada por meio da bioimpedância elétrica (BIA) e analisador Nutriguard-MS (Data Input GmbH, Darmstadt, Alemanha) no dia da admissão na UTI e posteriormente a cada quatro dias, até a alta da UTI.
Em comparação aos pacientes que não receberam nenhuma intervenção, a implementação de cuidados de EMTN resultou em melhora pronunciada da gravidade da doença (Grupo intervenção: APACHE II, de 27 ± 8 a 18 ± 6, p < 0,001; NUTRIC, de 7 ± 2 a 4 ± 2, p < 0,001) (Grupo sem intervenção: APACHE II de 24 ± 7 a 21 ± 7, p < 0,05; NUTRIC de 6 ± 2 a 5 ± 2, p < 0,01).
Os autores concluem que a intervenção da EMTN teve um efeito positivo na gravidade da doença. Devido complexas alterações metabólicas inerentes a estados críticos e a heterogeneidade de pacientes, não é possível fornecer um tipo único de terapia nutricional que atenda às demandas. Por isso, a terapia nutricional individualizada, conduzida a partir de recomendações de diretrizes torna-se essencial para a prevenção da desnutrição.
Referência:
Gonzalez-Granda A, Schollenberger A, Thorsteinsson R, Haap M, Bischoff SC. Impact of an interdisciplinary nutrition support team (NST) on the clinical outcome of critically ill patients. A pre/post NST intervention study. Clin Nutr ESPEN. 2021 Oct;45:486-491.