Efeito da suplementação nutricional em gestantes adolescentes e nos primeiros mil dias do bebê

Efeito da suplementação nutricional em gestantes adolescentes e nos primeiros mil dias do bebê

Adolescência é um período de risco nutricional por diversos fatores, entre eles estão o estirão pubertário, a incidência elevada de erros alimentares e aumento de demanda de nutrientes. No caso de gestantes adolescentes pode existir uma competição por nutrientes entre a mãe e o feto, o que aumenta o risco da gestação. Mais de 10% de todos partos no mundo são de mães entre 15 a 19 anos de idade; que apresentam maior risco de baixo peso ao nascer e prematuridade. Até o momento, existem poucos estudos relativos à suplementação nutricional e melhora nos desfechos gestacionais em gestantes adolescentes.

Recentemente, um ensaio clínico
randomizado avaliou o impacto de intervenções nutricionais nos primeiros 1000
dias do bebê e os desfechos de estado nutricional,  crescimento e desenvolvimento dos bebês. Os
indivíduos foram separados em 4 grupos: (grupo 1 – SNL) mulheres e crianças que
receberam suplementos nutricionais à base de lipídios (óleo de soja, leite em
pó, pasta de amendoim, açúcar e vários micronutrientes), na dose de 20 g/dia
(118 kcal/dia) para mulheres e crianças; (grupo 2 – FAF e SNL) mulheres que receberam
ferro (60mg) e ácido fólico (400mcg) (FAF) e crianças que receberam SNL
(IFA-LNS); (grupo 3 – FAF e M) com mulheres que receberam FAF e as crianças
receberam 15 micronutrientes em pó (M); (grupo 4 – FAF e C), com mulheres que receberam
FAF e as crianças que não receberam suplementos (controle).

A suplementação dos bebês ocorreu
de 6 a 24 meses e das mulheres até 3 meses após o parto. O acompanhamento foi
realizado nos períodos: 36 semanas de gestação, ≤72 h pós parto, 42 dias pós
parto, 6, 12, 18 e 24 meses pós parto. Iniciaram o estudo 4011 mulheres e
terminaram 1313 participantes.

Como resultados, o SNL não foi
associado com redução na incidência de baixo peso ao nascer, pequenos para
idade gestacional ou nascimento prematuro, mas reduziu a baixa estatura neonatal
em 25% e circunferência da cabeça abaixo do esperado em 28% em comparação com FAF.
Contudo, no subgrupo de adolescentes com menor padrão de segurança alimentar, o
uso de suplemento com lipídeos – SNL reduziu o baixo peso ao nascer e o
nascimento prematuro.

A suplementação das crianças não mostrou resultados de significância estatística. Durante o período pós-natal, os resultados sugeriram que bebês do sexo feminino têm maior potencial para respondem a SNL do que crianças do sexo masculino, no que diz respeito a status de crescimento linear e perímetro cefálico, que pode ter implicações importantes em termos de altura e desenvolvimento. Como conclusão, o estudo aponta que estratégias nutricionais com suplementação em gestantes adolescentes devem ser consideradas, especialmente para adolescentes que vivem em lares com menor padrão de segurança alimentar.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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