O óxido nítrico possui papel importante na regulação de parâmetros funcionais e fisiológicos relacionados ao desempenho esportivo, por conta de sua ação vasodilatadora e hipotensiva, bem como no aumento da eficiência energética e na melhora da contração muscular, além de conversão de fibras musculares. Sua principal via de formação é dependente das enzimas óxido nítrico sintases, enzimas dependentes de oxigênio que, em hipóxia, reduzem sua ação. Nestas situações, o NO é formado a partir do nitrato inorgânico (NO3–) e nitrito provenientes da alimentação. Como exemplo de fonte alimentar, tem-se a beterraba.
O aumento da ingestão de NO3–, por alimentação ou suplementação, parece promover aumento de desempenho esportivos em diversos tipos de exercício. Entretanto, seu efeito ergogênico é dependente do condicionamento físico, tipo e duração do exercício e da dose administrada. Indivíduos com menor condicionamento físico parecem se beneficiar mais dos efeitos da suplementação que indivíduos treinados. Além disso, a suplementação parece potencializar o desempenho de forma mais consistente frente a exercícios de alta intensidade e curta duração quando comparada com seus efeitos sobre exercícios de endurance.
O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da suplementação de suco de beterraba em corridas de 10km em corredores recreacionais. Estudo duplo-cego, controlado por placebo, crossover, 14 corredores do sexo masculino, idade de média de 28 anos, realizaram três testes de corrida de 10 km, no início e nas condições de acréscimo de suco beterraba e placebo. O suco foi tomado por 3 dias, e nos dias das avaliações, a ingestão ocorreu 2 horas antes do treino na quantidade de 420 mL do suco in natura (8,4 mmol de nitrato inorgânico (NO3–) ou placebo com NO3– (0,01 mmol NO3– – dia-1). Foram avaliadas velocidade média, frequência cardíaca máxima, avaliação máxima do esforço percebido, concentração de glicose no sangue (antes e após o teste) e pico de lactato.
Nos resultados, não houve diferença significativa entre as condições em relação ao desempenho em tempo de corrida de 10 km (p = 0,391) e velocidade média total (p = 0,321) ou nas demais variáveis analisadas. Contudo, o tempo para completar a primeira metade do teste (5 km) foi estatisticamente menor no grupo que tomou o suco do que no grupo placebo (p = 0,027).
Em conclusão, o uso do suco de beterraba aumentou a velocidade média na primeira metade do teste e melhorou os tempos finais do teste de 10 dos 14 corredores.