Efeito da ingestão proteica na síntese e degradação muscular em exercícios de resistência em homens

Efeito da ingestão proteica na síntese e degradação muscular em exercícios de resistência em homens

Exercícios de resistência estão associados com melhorias na capacidade oxidativa muscular, síntese proteica, aumento do tamanho e densidade de mitocôndrias, da miosina, do músculo misto (MPS), miofibrilar (MyoPS) e mitocondrial (MitoPS). Nutricionalmente, o consumo de carboidratos e proteínas em quantidades adequadas é fundamental para garantir o turnover proteico e recuperação muscular após o exercício.

Neste sentido, estudo randomizado, duplo cego avaliou o efeito de diferentes doses de proteínas, associadas ao carboidrato, na resposta metabólica durante a recuperação de exercícios de resistência. Foram incluídos 48 homens saudáveis entre 18 e 35 anos, com IMC entre >18,5 e <30 Kg/m², habituados ao treinamento de exercícios de resistência. Todos participantes efetuaram preenchimento de um questionário de hábito alimentar e atividade física. Por 3 dias prévios ao ensaio experimental, os participantes se abstiveram de atividades físicas extenuantes e consumo de álcool.

Na noite anterior ao ensaio experimental, todos participantes consumiram refeição padrão contendo 55% de carboidrato, 30% de gordura e 15% de proteína. Posteriormente, permaneceram em jejum até o ensaio (± 10h). Os participantes se exercitaram em bicicleta ergométrica durante 90 minutos em um cicloergômetro a ∼60% e valor de Vo2 máximo pré-determinado. Amostras de sangue foram coletadas antes, durante e depois do exercício. Grupos foram aleatoriamente divididos, sendo o grupo 1: 590ml de bebida contendo 45g de carboidrato + 0g de proteína (n=12);  e grupo 2: 590ml de bebida contendo 45g de carboidratos + diferentes doses proteicas: 15g (n=12), 30g (n=12) ou 45g (n=12) de proteínas do leite (PRO= proteínas do leite, fenilalanina, e leucina).

As concentrações de glicose plasmática aumentaram após ingestão da bebida do estudo (p <0,001) e foram maiores em 0g de PRO do que em 30g e 45g de PRO em 40-60 min após ingestão, respectivamente. A concentração de insulina também aumentou (p <0,001) e foi significativamente maior com 30g de PRO do que em 0g, em 20-120 min após a ingestão da bebida. Concentrações plasmáticas do aminoácido essencial leucina aumentaram rapidamente em resposta à ingestão de proteínas  (45g PRO > 30g PRO > 15g PRO > 0g PRO; P < 0,001), além das concentrações de fenilalanina, que foram significativamente maiores em 45g PRO do que em 15g e 30g em 20-180 min e em 150-240 min após a ingestão da bebida, respectivamente (p< 0,001).

O consumo de 30g de PRO estimulou 46% de aumento nas taxas de MyoPS em comparação com 0g de PRO, e foi suficiente para maximizar as taxas de MyoPS após o exercício de resistência. As taxas de MitoPS não aumentaram após a ingestão de proteínas.

As taxas de degradação de proteínas foram menores em 45g de PRO do que em 0g (p < 0,01), assim como as taxas de síntese de proteína foram maiores nos grupos com 15 g PRO, 30g e 45g do que no grupo controle com 0g de  PRO em 0-180 min, mas não foram diferentes entre grupos de tratamento em 180-360 min (p < 0,001). Sendo assim, o balanço proteico foi negativo na ingestão de 0g de proteína; enquanto nos grupos com ingestão de PRO foi positivo até 360 minutos após o exercício.

Os autores concluíram que a proteína ingerida após o exercício de resistência foi digerida e absorvida com eficiência. O balanço proteico e a incorporação de aminoácidos responderam ao aumento da ingestão proteica de maneira dose-dependente. Apesar da quantidade necessária para maximizar a recuperação muscular ainda ser incerta, a ingestão de 30 g de proteína associada a carboidratos parece ser suficiente para maximizar as taxas de MyoPS durante a recuperação de uma única sessão de exercícios de resistência.

Referência: Tyler A Churchward-Venne, Philippe J M Pinckaers, Joey S J Smeets, et al. Dose-response effects of dietary protein on muscle protein synthesis during recovery from endurance exercise in young men: a double-blind randomized trial. The American Journal of Clinical Nutrition, 2020; 112 (2): 303–317.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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